Comportamentos de autocuidado em diabetes tipo 1 : estratégias para a promoção da adesão

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A adesão ao tratamento em diabetes tipo 1 representa um desafio, sobretudo ao jovem , que se vê diante da necessidade de priorizar ações de autocuidado em um momento da vida em que a saúde é percebida como atributo natural e não como algo a ser construído. Ao longo do século XX, a abordagem do diabetes tipo 1 avançou desde a descoberta da insulina, em 1921 e o início da educação em diabetes, até o desenvolvimento de análogos da insulina, na última década. Em 1993, o Diabetes Control and Complications Trial (DCCT) demonstrou o valor da terapêutica insulínica intensiva e do controle glicêmico para a prevenção de complicações crônicas da doença. De acordo com esta perspectiva, foi desenvolvido um estudo de delineamento longitudinal de curto prazo, com o objetivo de desenvolver estratégias de intervenção e avaliar seus efeitos, com vistas à aquisição de comportamentos de adesão ao autocuidado, em especial à insulinização intensiva, em jovens com diabetes tipo 1. O estudo, realizado na rede pública de saúde do Distrito Federal, incluiu dois jovens do sexo masculino e duas do sexo feminino, com idades entre 14 e 25 anos e tempo de diagnóstico entre quatro e oito anos, que reconheciam a própria dificuldade de realizar o autocuidado. Antes da intervenção e ao término da mesma, foram avaliados aspectos como o conhecimento sobre diabetes, práticas ligadas ao tratamento, utilização de dicas internas e externas e expectativa de auto-eficácia com relação ao autocuidado. Os instrumentos incluíram roteiros de entrevista, questionários auto-aplicáveis e escalas. A intervenção, predominantemente individual, teve duração de oito a onze semanas e focalizou a discriminação de dicas internas e externas e a resolução de problemas, com base na auto-monitorização do tratamento. Os resultados evidenciaram ganhos consistentes com relação ao autocuidado no que se refere à aquisição do repertório comportamental para a auto-monitorização glicêmica, a contagem de carboidratos e a insulinização intensiva para três dos quatro participantes. Outros comportamentos de autocuidado, como o comportamento alimentar e a prática de atividade física, foram trabalhados de forma periférica e não tiveram alteração relevante ao longo do período de intervenção. Há indicações de que o participante mais jovem tenha apresentado avanço no sentido do desenvolvimento de percepções mais realísticas a respeito da doença e do próprio comportamento de adesão, abrindo a perspectiva futura de um comportamento mais adaptativo com relação à doença e seu tratamento. Para três dos participantes, o controle glicêmico oscilou ao longo da intervenção, tendo havido redução da freqüência de hiperglicemias, mas não da média das glicemias registradas. A relevância do estudo reside na apresentação de uma proposta de intervenção, que associa aspectos médicos e psicossociais, voltada para pessoas que desejem se engajar no tratamento insulínico intensivo. Discute, ainda, o processo de aquisição de habilidades que permitam o desenvolvimento da autonomia para a tomada de decisão no que se refere aos ajustes de doses de insulina no cotidiano do tratamento. Os resultados apontaram a necessidade de uma intervenção com maior duração e com participação de equipe interdisciplinar, para possibilitar a ampliação do repertório comportamental e para que os ganhos iniciados a partir da intervenção possam adquirir consistência.

ASSUNTO(S)

diabetes - tratamento diabetes psicologia clínica da saúde psicologia intensive insulin therapy treatment adherence

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