Comportamento territorial de machos de Heliconius sara (lepidoptera: nymphalidae) relacionado ao tamanho corporal

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1995

RESUMO

Machos da borboleta neotropical Heliconius sara (Lepidoptera: Nymphalidae) defendem territórios em margens de floresta expulsando machos intrusos em interações agonísticas ritualizadas. Em um estudo realizado ao longo de um transecto de 3,2 km de estrada na Reserva Florestal da Companhia Vale do Rio Doce, em Linhares, Espírito Santo, Brasil, durante 13 visitas mensais de aproximadamente 1 semana cada, entre setembro de 1990 e setembro de 1991, marquei, medi e soltei 155 machos territoriais, 70 machos capturados fora de territórios e 25 fêmeas de Heliconius sara. Adicionalmente, 101 machos foram marcados para um estudo comportamental em 65 dias de observação durante 1993. Os territórios mapeados ao longo do transecto revelam uma distribuição relativamente homogênea, sem uma clara concentração de machos territoriais ou correlações espaciais entre territórios e plantas hospedeiras. O número de territórios defendidos não variou durante o ano. Machos de todas as idades tendem a voltar aos mesmos territórios em dias sucessivos e permanecem na área por até 3 meses. A dispersão observada foi baixa e o tempo de residência em territórios parece refletir a sobrevivência dos adultos. Heliconius sara é a única espécie, entre as que apresentam comportamento territorial, na qual os indivíduos territoriais são menores: as asas dos machos donos de territórios são, em média, em tomo de 1 mm (3 %) mais curtas que aqueles machos que se encontram fora dos territórios. Esta relação se mantém ao longo do ano, mesmo que as asas das borboletas no verão sejam mais compridas que no inverno. Embora os machos residentes foram sempre vencedores, as interações agonísticas entre residentes e invasores de tamanho conhecido tenderam (significativo marginalmente) a aumentar gradativamente quando o residente era maior que o invasor. Ainda, invasores de qualquer tamanho interagiram menos intensamente quando confrontados com residentes classificados como pequenos. Estes resultados sugerem que os invasores podem reconhecer os machos pequenos como adversários superiores. Residentes novos ocupando territórios vazios por remoção experimental não diferem em tamanho dos residentes originais, sugerindo que o comportamento territorial pode estar expressado mais fortemente em machos pequenos de H. sara. A rápida recolonização de territórios freqüentemente utilizados indica que territórios de alta qualidade podem ser limitados. O sistema reprodutivo de Heliconius sara pode ser interpretado como uma estratégia evolutivamente estável: os machos pequenos possuem vantagens físicas nas interações territoriais produto da maior capacidade de manobrar durante os confrontos aéreos. A ritualização dos conflitos parece favorecer o indivíduo que consegue se posicionar embaixo do seu adversário e não à força per se. Por sua vez, os machos grandes são favorecidos pela sua maior força quando competem pelas fêmeas que estão eclodindo das pupas

ASSUNTO(S)

corpo - tamanho lepidoptero territorialidade (zoologia)

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