Comportamento sexual e morfometria geométrica em caracteres somáticos e sexuais em Paratrechalea (Araneae; Trechaleidae) : evidências para a proposta de um novo táxon

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

O estudo de comportamentos inusitados observados em populações naturais de qualquer organismo exige que suas bases descritivas sejam primeiramente estabelecidas antes de permitir a aplicação de abordagens experimentais. A Ordem Araneae é reconhecida pela enorme diversidade de formas e hábitos, onde destaco as aranhas do gênero Paratrechalea Carico, 2005 tanto pela presença de um comportamento atípico quanto por uma particularidade ecológica entre algumas de suas espécies. Estudos preliminares relativos à distribuição das espécies do gênero indicaram uma região de distribuição sintópica entre duas delas: P. azul Carico, 2005 e P. ornata (Mello-Leitão, 1943). Além disso, durante o comportamento sexual destas espécies, os machos oferecem presentes nupciais na forma de uma presa envolta em seda, sendo o primeiro registro deste comportamento para a fauna de aranhas Neotropicais. Para as descrições apresentadas na tese, foram utilizadas combinações de amostras que compõem o conjunto de dados total: uma amostra de P. azul e outra de P. ornata em condição de sintopia provenientes do Brasil, uma amostra Brasileira de P. galianoae Carico, 2005, e duas amostras Uruguaias de P. ornata. A análise descritiva do comportamento sexual mostrou que presentes nupciais não apenas fazem parte do cortejo sexual destas espécies, mas determinam o sucesso reprodutivo dos machos. A forma das quelíceras de machos e de fêmeas é afetada pelo cortejo sexual, onde machos as utilizam para sinalização intersexual e fêmeas apresentam padrões alométricos indicando cooperação durante a cópula. Análises morfométricas, envolvendo técnicas bidimensionais e de morfometria geométrica, foram aplicadas com o intuito de descrever aspectos básicos sobre as populações estudadas, como o dimorfismo sexual existente e a variabilidade morfológica das genitálias. O dimorfismo sexual foi mais evidente para as populações sintópicas, e os caracteres somáticos avaliados separam P. ornata em dois grupos: população do Brasil e populações do Uruguai. Para as genitálias, a divisão de P. ornata em dois grupos foi mantida, e a partir disso assume-se que estes grupos constituem duas espécies. Padrões observados para alometria de genitália foram melhores explicados por hipótese de seleção sexual do que por hipótese de conflito sexual. Como conclusão geral é apresentada uma proposta para a evolução da divisão de P. ornata em duas espécies, tendo como elemento-chave o mecanismo de deslocamento de caracteres atuando sobre as populações das espécies sintópicas.

ASSUNTO(S)

paratrechalea comportamento sexual animal morfometria geométrica

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