Comportamento reprodutivo: uma análise a partir do grupo ocupacional das mulheres

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Com o declínio acentuado das taxas de fecundidade total (TFT), a compreensão dos mecanismos que desencadeiam esse processo tornou-se um desafio para os estudos populacionais. Diante dessa nova realidade, o estudo da fecundidade tem exigido das ciências sociais em geral, e da demografia em particular, uma série de explicações sobre as causas e conseqüências desse fenômeno. Essas explicações requerem dados que permitam a análise do regime reprodutivo à luz de informações sobre o ciclo-de-vida das mulheres e novas abordagens que congreguem o regime reprodutivo das mulheres com aspectos pouco explorados pelas análises populacionais, como é o caso da ocupação da mulher. Diante de tais demandas, nosso objetivo foi analisar como o comportamento reprodutivo (a idade ao ter os filhos, o número de filhos, o intervalo intergenésico e o risco de se ter um filho de ordem x+1) pode estar associada com a sua ocupação. A nossa hipótese partiu do pressuposto de que determinados tipos de ocupação podem fazer com que as mulheres tenham diferentes estratégias em relação à fecundidade, que resultariam em diferenciais nas distintas medidas de fecundidade. A base de dados utilizada em nosso estudo foi o censo populacional de 2000 do IBGE. Trabalhamos com o grupo de mulheres de 30 a 45 anos de idade, cuja história de nascimentos foi totalmente reconstruída (cerca de 70% do total de mulheres entre 30 e 45 anos). Na análise estatística, utilizamos o modelo de riscos proporcionais de Cox. Ao aplicarmos esse modelo, introduzimos uma perspectiva de duração nos dados sobre fecundidade, produzindo informações sobre o risco de ocorrência de um nascimento de ordem x+1. Os principais resultados encontrados evidenciam que o tipo de ocupação pode influenciar o comportamento reprodutivo das mulheres. A análise descritiva nos permite inferir que quanto mais qualificada a ocupação, menor será a parturição e a TFT; além disso, maior será a postergação da maternidade. A análise estatística nos mostra que o risco de progressão da parturição tem relação com a ocupação da mulher. Essa constatação é bem clara nos modelos em que apenas a variável ocupação está presente. Como era de se esperar, ao controlarmos o nosso modelo pelas outras covariáveis, observamos a redução da variabilidade dos riscos de se ter um filho de ordem x+1, entre os grupos ocupacionais. Destacamos que a covariável escolaridade explica quase que totalmente essa redução. Apesar disso, o grupo ocupacional ainda demonstrou influência no risco de progressão da parturição, sendo que quanto mais qualificada a ocupação, menor o risco de se ter um filho de ordem subsequente. Em ambas as análises identificamos que nas ocupações mais qualificadas as mulheres controlam mais a fecundidade. Tais resultados sugerem que entre esses grupos haja maior incompatibilidade entre a vida profissional e familiar, e maior custo de oportunidade de se ter um filho.

ASSUNTO(S)

fecundidade humana teses.

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