Complexidade e agricultura : organização e analise ergonomica do trabalho na agricultura organica / Complexity and agriculture : organization and work ergonomics analysis on the organic agriculture

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A agricultura orgânica tem sido apontada como uma forma de cultivo sustentável do ponto de vista ecológico, econômico e social. No entanto, não se encontram pesquisas que tenham por objetivo discutir a sustentabilidade do ?homem trabalhador? dentro deste sistema; ou seja, não há um corpo de conhecimentos consolidado sobre este tipo de atividade, assim como não existem indicadores, que nos permitam avaliar os impactos que este trabalho pode ter sobre a saúde e o bem estar das pessoas, embora a exclusão da manipulação de biocidas tóxicos já constitua um grande avanço. Nesta pesquisa investiga-se, através da Análise Ergonômica do Trabalho e da Teoria da Complexidade, as características do trabalho humano na agricultura orgânica, e em particular do trabalho dos gestores, focando nos aspectos da organização do trabalho e da tecnologia utilizada, buscando ampliar a compreensão das atividades desenvolvidas, suas dificuldades e estratégias de superação. O gestor da produção orgânica é geralmente administrador e executor do trabalho, assumindo todas as funções administrativas de planejamento, organização, direção e controle de todas as áreas: produção, manutenção, finanças, recursos humanos e comércio, bem como a responsabilidade pelas questões ligadas à certificação, ao reflorestamento e à conservação do solo e da água. Ele necessita ainda pensar a unidade de produção de forma integrada e sistêmica, entendendo-a e tratando-a como um ser vivo, observando e identificando os elementos que o auxiliem na tomada de decisões para enfrentar as múltiplas dificuldades, em um ambiente onde não se dispõe de tecnologia adequada, com poucos recursos financeiros, e sem assessoria técnica. As dificuldades relatadas pelos agricultores são de natureza bastante variada. Vê-se desde aquelas relacionadas com exigências predominantemente físicas, cognitivas e afetivas do trabalho, até aquelas relacionadas mais diretamente com a falta de recursos tecnológicos, organizacionais, materiais, financeiros e humanos. Pode-se concluir que a hipótese inicialmente formulada é verdadeira, ou seja, que o trabalho na agricultura orgânica é complexo, pois incorpora os preceitos ecológicos, econômicos e sociais de sustentabilidade, que podem ser contraditórios entre si. Estes preceitos trazem determinantes específicos de natureza bastante variada que geram contradições e incertezas para o trabalho do agricultor, principalmente para o do gestor da produção. Esta complexidade do trabalho se relaciona com a necessidade de integrar múltiplas dimensões, demandando do gestor o desenvolvimento e a integração de variados saberes a fim de criar uma organização do trabalho dinâmica, como aquela descrita por Edgar Morin, que precisa ser freqüentemente reconstituída devido ao grande número de interações e de relações complementares e antagonistas entre ordem e desordem . Muitas pesquisas ainda precisam ser feitas, especialmente sobre as questões técnico-agronômicas e de saúde e conforto, assim como aquelas relacionadas com a comercialização, certificação e acesso a crédito. Será preciso ainda desenvolver políticas públicas que favoreçam a assistência e suporte técnico adequados. Somente a integração destes vários esforços poderá contribuir para o desenvolvimento deste setor, não somente em termos de produtividade e qualidade, mas também de melhorias para o trabalho e a qualidade de vida dos agricultores

ASSUNTO(S)

agricultura organica ergonomia ergonomics teoria do conhecimento theory of complexity organic agriculture

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