Comparação dos resultados de ileostomias e colostomias em alça desfuncionalizantes em operações colorretais

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Apesar de vários estudos retrospectivos e prospectivos terem comparado a ileostomia e a colostomia em alça, persiste a controvérsia de qual é a melhor estomia para proteger uma anastomose colorretal baixa ou desfuncionalizar o cólon distal. O objetivo deste trabalho foi avaliar as complicações e os fatores de risco associados após a confecção e fechamento de ileostomias e colostomias em alça. Foram avaliados retrospectivamente prontuários de 168 pacientes submetidos a estomias em alça no período entre janeiro de 1996 e dezembro de 2006. A ileostomia foi realizada em 88 pacientes (52,4%) e a colostomia em 80 pacientes (47,6%). Foram avaliadas complicações após a confecção e o fechamento de estomias, possíveis fatores de risco para as complicações. Todos os pacientes foram submetidos a ileostomias ou colostomias em alça. As variáveis analisadas foram: idade, gênero, doença de base, classificação ASA, temporária ou definitiva, procedimento eletivo ou de urgência, cirurgião responsável pelo procedimento (cirurgião geral ou coloproctologista), complicações pós-operatórias, re-operação após a confecção da estomia, tipo de fechamento, tempo até o fechamento e tempo de acompanhamento após o fechamento. A média de idade dos pacientes com colostomia foi maior que a dos pacientes com ileostomia (p=0,005). A maioria das colostomias foi confeccionada na urgência (p<0,001) e a maioria das ileostomias, em cirurgias eletivas. Foram confeccionadas mais ileostomias temporárias que colostomias (p<0,001). O coloproctologista confeccionou a maior parte das ileostomias (p<0,001). A taxa global de complicações de estomias foi de 38,7%. Não houve diferença na taxa de complicações entre ileostomias e colostomias (p=0,334). A complicação mais comum foi o prolapso (19,6%). O prolapso foi encontrado em 33,8% das colostomias e em 6,8% das ileostomias (p<0,001). Foram observados 11 casos de distúrbio hidroeletrolítico (12,5%) relacionados a perdas pela ileostomia, e 2 casos (2,5%) em pacientes com colostomias, (p=0,019). Ocorreu um óbito (0,6%) relacionado à colostomia. Maior número de complicações relacionadas à estomias foi encontrado em pacientes do gênero feminino (p=0,024) e, nos pacientes do gênero feminino com colostomia (p=0,045). Não foi encontrada diferença significativa na taxa de complicações de ileostomias ou colostomias em alça em cirurgias eletivas ou de urgência. A taxa de complicações após o fechamento foi de 47,7% e não se identificou diferença entre as complicações de ileostomias e colostomias (p=0,670). A infecção de ferida foi a complicação mais frequente (20,6%). Após avaliação dos resultados da presente série, observa-se que, de forma global, ileostomias e colostomias são semelhantes em relação às complicações. Ao avaliar complicações isoladas, nota-se que, a complicação mais frequente nos pacientes com colostomia, o prolapso, foi mais grave e levou à reoperação; enquanto que, nas ileostomias os distúrbios hidroeletrolíticos foram controlados com medidas clínicas. A interpretação dos resultados sugere que a ileostomia em alça é melhor opção, quando comparada com a colostomia, para desfuncionalizar o intestino.

ASSUNTO(S)

complicações pós-operatórias decs fatores de risco decs ileostomia/efeitos adversos decs colostomia/efeitos adversos decs dissertações acadêmicas decs

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