Comparação da força e endurance da musculatura respiratória e da capacidade funcional em crianças e adolescentes saudáveis e asmáticas.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

06/07/2008

RESUMO

INTRODUÇÃO: As alterações fisiopatológicas da asma e/ou a terapia farmacológica instituída podem afetar o desempenho dos músculos respiratórios. Entretanto, o efeito dessa disfunção sobre a capacidade funcional não está estabelecida. OBJETIVO: Comparar a força e endurance dos músculos respiratórios e a capacidade funcional de crianças e adolescentes saudáveis e asmáticas. MATERIAL E MÉTODOS: Participaram desse estudo 97 crianças (6 a 14 anos) consideradas saudáveis (CTRL-M e CTRL-F) e 100 com diagnóstico de asma (Asma-M e Asma-F) dos sexos masculino e feminino, respectivamente. Os parâmetros avaliados pela espirometria foram CVF, VEF1; VEF1/CVF; FEF25-75% e a VVM. Foram avaliadas as pressões inspiratória (PImáx) e expiratória (PEmáx) máximas e endurance dos músculos inspiratórios a partir de 30 e 70% da PImáx (Tlim 30% e 70%, respectivamente). Para a avaliação da endurance dos músculos inspiratórios foi confeccionado um dispositivo alternativo capaz de realizar medidas de pressão superiores ao instrumento disponível no mercado. A capacidade funcional foi avaliada pelo teste de caminhada de 6 minutos (TC6`). Foram realizados dois testes com intervalo de 30 minutos para que as variáveis cardio-respiratórias pudessem retornar aos valores basais. Essas variáveis corresponderam às pressões arteriais sistólica (PAS) e diastólica (PAD), às freqüências cardíaca (FC) e respiratória (FR) e saturação periférica (SPO2). O nível de percepção de dispnéia ao esforço foi avaliado através da escala de Borg aplicada antes e após os testes. Para análise final foram consideradas as variáveis cardio-respiratórias correspondentes ao teste com a maior distância caminhada. A partir da relação entre variação da FC inicial e final e a velocidade média alcançada no TC6` (FCf-FCi/Velocidade, bpm/m/s) calculou-se o índice de custo fisiológico. Foi utilizado One Way Anova, teste de comparação de Bonferroni, teste T pareado, Kruskal-Wallis e coeficiente de Pearson quando apropriado. RESULTADOS: A CVF apresentou-se normal nos dois grupos, asma e controle. O VEF1, VEF1/CVF, FEF 25-75% foram significativamente inferiores nos grupos Asma-M e Asma-F em relação aos grupos CTRL-M e CTRL-F. A VVM foi significativamente menor no grupo Asma-F em relação aos demais grupos. A PImáx do grupo Asma-M foi significativamente inferior em relação ao grupo CTRL-M e a PEmax apresentou-se significativamente menor no grupo Asma-M em relação aos grupos CTRL-M e CTRL-F. O Tlim30% foi significativamente maior que o Tlim70% em todos os grupos avaliados. Além disso, observou-se que os grupos de Asma-M e Asma-F apresentaram redução significativa do Tlim30% e Tlim70% em relação aos grupos CTRL-M e CTRL-F. A distância caminhada durante o TC6 não diferiu entre os grupos controle e o asmático para ambos os sexos. Observou-se que não houve diferença significativa entre os testes de caminhada nos diferentes grupos, indicando boa reprodutibilidade. Observouse também, forte correlação entre as distâncias caminhadas entre primeiro e segundo teste nos diferentes grupos avaliados. O custo fisiológico foi significativamente menor nos grupos Asma-M e Asma-F (0,40 ± 0,08 e 0,40 ± 0,07) em relação aos grupos CTRL-M e CTRL-F (0,47 ± 0,13 e 0,50 ± 0,11). A FC inicial nos grupos Asma-M (84,56 ± 10,31 bpm) e Asma-F (82,56 ± 7,67 bpm) foi significativamente menor que nos grupos CTRL-M (93,07 ± 10,79 bpm) e CTRL-F (91,72 ± 11,05 bpm). Resultados similares foram observados no final do teste. Os grupos Asma-M (123,4 ± 9,71 bpm) e Asma-F (118,4 ±10,22 bpm) apresentaram redução significativa da FC final em relação aos grupos CTRL-M (140,1 ± 10,50 bpm) e CTRL-F (140,0 ± 9,56 bpm). A PAS inicial dos grupos Asma-M (105,9 ± 11,43 mmHg) e Asma-F (100,6 ± 8,6 mmHg) apresentou-se significativamente maior que os grupos CTRL-M (95,0 ± 6,93 mmHg) e CTRL-F (94,65 ± 8,26 mmHg). Houve aumento significativo de PAS final no grupo de Asma-M (117,6 ± 13,48 mmHg) e Asma-F (111,1 ±10,36 mmHg) em relação aos grupos CTRL-M (105,0 ± 7,70 mmHg) e CTRL-F (105,3 ± 8,82 mmHg). O grupo de Asma-M (16,47 ± 2,01 irpm) apresentou aumento significativo de FR inicial em relação ao grupo CTRL-F (15,44 ± 0,82 irpm). Houve aumento significativo de FR final no grupo Asma-M (22,30 ± 1,86 irpm) em relação aos grupos CTRL-M (21,07 ± 1,38 irpm) e CTRL-F (21,30 ±1,50 irpm) . Em relação a escala de Borg inicial não houve diferença estatística significativa intra e intergrupos. Os grupos de Asma-M (1,97 ± 0,85) e Asma-F (2,01 ± 1,09) apresentaram aumento significativo de escala de Borg final em relação aos grupos CTRL-M (1,09 ± 1,04) e CTRL-F (1,41 ± 1,30). Os grupos Asma-M (557,1±57,40; 576,9± 60,30 m) e Asma-F (522,7 ± 55,97; 537,7 ± 58,41 m) percorreram distâncias similares em relação ao grupo CTRL-M (569,7± 76,31; 576,2± 83,92 m) e CTRL-F (558,3± 70,84; 569,2± 70,42 m) no primeiro e segundo teste, respectivamente. CONCLUSÃO: Houve redução de força da musculatura respiratória e endurance da musculatura inspiratória. A dispnéia ao exercício, o comprometimento da função pulmonar, a redução da força e endurance dos músculos respiratórios não modularam o desempenho funcional dos pacientes asmáticos, avaliado pelo TC6`. Entretanto, os níveis basais e o comportamento da FC e da PAM durante o esforço dos pacientes asmáticos sugerem disfunção autonômica da freqüência cardíaca e do controle da pressão arterial.

ASSUNTO(S)

pediatria teses. dissertação da faculdade de medicina da ufmg. asma decs força muscular decs testes de função respiratória decs músculos respiratórios decs corticosteróides decs criança decs adolescente decs dissertações acadêmicas decs

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