Comparação da dose cumulativa de cisplatina e esquema de tratamento em pacientes com carcinoma nasofaríngeo tratados concomitantemente com quimiorradioterapia

AUTOR(ES)
FONTE

Braz. j. otorhinolaryngol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2020-12

RESUMO

Resumo Introdução: Três doses semanais de cisplatina com quimiorradioterapia concomitante são aceitas como o tratamento-padrão para carcinoma nasofaríngeo. No entanto, diferentes esquemas quimioterápicos são recomendados na literatura científica. Objetivo: Comparar a toxicidade e os resultados de 3 doses altas semanais de cisplatina versus dose baixa semanal de cisplatina em pacientes com carcinoma nasofaríngeo e verificar a dose cumulativa de cisplatina. Método: Foram incluídos 98 pacientes, entre 2010 e 2018. As doses cumulativas de cisplatina (≥ 200 mg/m2 e < 200 mg/m2) e diferentes esquemas de quimioterapia (semanal e a cada 3 semanas) foram comparadas em termos de toxicidade e sobrevida. Além disso, fatores prognósticos, inclusive idade, sexo, categoria T, categoria N e técnica de radioterapia, foram avaliados na análise uni-multivariada. Resultados: O tempo médio de seguimento foi de 41,5 meses (intervalo: 2–93 meses). Sobrevida global de cinco anos, sobrevida livre de recidiva local, sobrevida livre de recidiva regional e sobrevida livre de metástases a distância foram: 68,9% vs. 90,3% (p = 0,11); 66,2% vs. 81,6% (p = 0,15); 87,3% vs. 95,7% (p = 0,18); e 80,1% vs. 76,1% (p = 0,74) para os grupos tratados semanalmente e 3 x/semana, respectivamente. Não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos. Taxas de sobrevida global, sobrevida livre de recidiva local, sobrevida livre de recidiva regional e sobrevida livre de metástases a distância em cinco anos foram; 78,2% vs. 49,2% (p = 0,003); 75,8% vs. 47,9% (p = 0,055); 91% vs. 87,1% (p = 0,46); 80% vs. 72,2% (p = 0,46) para o grupo tratado com ≥ 200 mg/m2 e < 200 mg/m2 de dose cumulativa de cisplatina. Houve diferença estatisticamente significante entre os grupos para sobrevida global e houve uma diferença quase estatisticamente significante entre os grupos para sobrevida livre de recidiva local. Idade, sexo, categoria T, categoria N e esquemas de quimioterapia não foram associados ao prognóstico na análise univariada. A técnica de radioterapia e dose cumulativa de cisplatina foram associadas ao prognóstico na análise univariada (HR = 0,21; IC 95%: 0,071 ± 0,628; p = 0,005 e HR = 0,29; IC 95%: 0,125 ± 0,686; p = 0,003, respectivamente). Apenas a dose cumulativa de cisplatina foi considerada um fator prognóstico independente na análise multivariada (HR = 0,36; IC 95%: 0,146 ± 0,912; p = 0,03). Quando as toxicidades foram avaliadas, como toxicidade hematológica, dermatite, mucosite, náusea e vômito, não houve diferença estatisticamente significante entre a dose cumulativa dos grupos cisplatina (< 200 mg/m2 e ≥ 200 mg/m2) e esquemas de quimioterapia (semanal e a cada 3 semanas). Entretanto, a desnutrição foi estatisticamente maior em pacientes tratados com cisplatina a cada 3 semanas em comparação com pacientes tratados com cisplatina semanalmente (p = 0,001). Conclusão: Uma dose de cisplatina ≥ 200 mg/m2 é fator prognóstico independente para sobrevida global. Os esquemas de quimioterapia semanais e a cada 3 semanas têm resultados e efeitos adversos semelhantes. Se os pacientes atingirem uma dose cumulativa ≥ 200 mg/m2 de cisplatina, os esquemas semanais de quimioterapia podem ser usados com segurança e eficácia em pacientes com carcinoma nasofaríngeo.

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