Como tratar Leptospirose na gestação?

AUTOR(ES)
FONTE

Núcleo de Telessaúde Maranhão HU-UFMA

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/06/2023

RESUMO

A antibioticoterapia é o tratamento indicado em qualquer período da doença, mas sua eficácia parece ser maior na primeira semana do início dos sintomas.

O tratamento indicado não oferece riscos em caso de gestação.

Para gestantes, na fase precoce da doença, recomenda-se: amoxicilina 500mg, VO (via oral), 8/8h, por 5 a 7 dias.

A azitromicina ou claritromicina são alternativas para pacientes com contraindicação para uso de amoxicilina.

Destaca-se que a Doxiciclina deve ser evitada.

Na fase tardia da doença, optar por um dos esquemas abaixo para uso durante 7 dias:

*Penicilina G Cristalina: 1.5 milhões UI, IV, de 6/6 horas;

# ou Ampicilina : 1 g, IV, 6/6h;

# ou Ceftriaxona: 1 a 2 g, IV, 24/24h

#ou Cefotaxima: 1 g, IV, 6/6h.

*Alternativa: Azitromicina 500 mg, IV, 24/24h

.

A infecção em mulheres grávidas pode ser grave, levando a morbidade e mortalidade fetal e materna grave.

A apresentação pode mimetizar outras infecções virais, bacterianas e parasitárias, fígado gorduroso agudo, hipertensão induzida pela gravidez e síndrome HELLP.

Devido à apresentação incomum, a leptospirose na gravidez é freqüentemente diagnosticada erroneamente e subnotificada.

Caracteriza-se por ser uma zoonose de elevada incidência no país, com uma média de 13.000 casos notificados por ano, sendo 3500 confirmados e letalidade média de 10,8%

. Atinge, em sua maioria, pessoas na faixa etária produtiva, dos 20 aos 49 anos.

A média de internações de pacientes chega a 75 %, mostrando a gravidade da maioria dos casos detectados pelo sistema de vigilância.

Isto destaca a importância para o diagnóstico precoce e tratamento oportuno, como forma de reduzir a gravidade da doença.

A leptospirose ocorre em todo o território nacional, durante todos os meses do ano, principalmente nos meses chuvosos, favorecendo a ocorrência de surtos.

Em áreas urbanas, principalmente nas capitais e regiões metropolitanas, apresenta um caráter epidemiológico mais grave, devido a altas aglomerações populacionais de baixa renda, que vivem à beira de córregos, em locais com infra-estrutura sanitária precária e com infestações de roedores, que são fatores que predispõem ao aparecimento de pacientes de leptospirose.

Um dos objetivos do Sistema Nacional de Vigilância da Leptospirose é diagnosticar e tratar de modo oportuno com vistas à redução da letalidade.

* Acesso –  O acesso precoce e universal ao pré-natal e a realização dos exames clínicos e laboratoriais de rotina previnem complicações obstétricas graves como algumas infecções perinatais. Isso possibilita referenciar gestantes com diagnóstico de infecções graves para níveis de assistência secundário ou terciário, quando necessários.

* Longitudinalidade – Sempre que possível esta gestante deve ser acompanhada pela mesma equipe de ESF durante pré-natal e puerpério para adequada orientação e identificação precoce de sinais de gravidade.

* Orientação Comunitária – O trabalho educativo junto a comunidade é de extrema importância para que entendam como a Leptospirose é transmitida e saibam como evitar a contaminação.

1.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Brasília; 2014.

2.Puliyath G, Singh S. Leptospirosis in pregnancy. Eur J Clin Microbiol Infect Dis. 2012;31(10):2491-6. Disponível em:

3.Costa F, Hagan JE, Calcagno J, et al. Global Morbidity and Mortality of a Leptospirosis: A Systematic Review. PloS Negl Trop Dis. 2015 Sep 17;9(9):e0003898.Disponível em:

4.Mwachui MA, Crump L, Hartskeerl R, Zinsstag J, Hattendorf J. Environmental and Behavioural Determinants of Leptospirosis Transmission: A Systematic Review. PloS Negl Trop Dis. 2015 Sep 17;9(9):e0003843. Disponível em:

 

 

ASSUNTO(S)

apoio ao tratamento médico w71 infecções que complicam a gravidez complicações na gravidez leptospirose tratamento farmacológico

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