Como orientar os cuidadores de pacientes acamados na prevenção de úlceras de decúbito?
AUTOR(ES)
Núcleo de Telessaúde Rio Grande do Sul
FONTE
Núcleo de Telessaúde Rio Grande do Sul
DATA DE PUBLICAÇÃO
12/06/2023
RESUMO
A orientação aos cuidadores de pacientes acamados na prevenção de úlceras decúbitas (UD) deve envolver a descrição dessas úlceras, sua formação e formas de prevenir, para que o cuidador entenda a racionalidade de cada ação preventiva e possa então adaptar à sua realidade, conforme as necessidades do indivíduo em risco
. Os pilares para prevenção de UD envolvem
:
· Avaliação frequente: identificar e avaliar diariamente indivíduos de risco para programar medidas de prevenção; avaliar diariamente a integridade da pele da cabeça aos pés (cor, textura, humidade), principalmente as áreas do corpo com maior risco de UD, como as proeminências ósseas (cotovelo, cóccix, etc.);
· Higiene otimizada: prover e garantir a integridade da pele, evitando os fatores irritantes, especialmente as incontinências (trocar fraldas cada vez que urinar e evacuar) – manter a pele limpa, seca e hidratada; banho diário com água morna e sabonete neutro; lavar e secar a pele sem esfregar; aplicar creme hidratante por toda superfície corporal; não usar soluções alcoólicas ou colônias;
· Alimentação adequada: estimular a ingestão de alimentos e líquidos de acordo com as recomendações nutricionais para cada indivíduo, evitando desnutrição e obesidade; oferecer e disponibilizar alimentos naturais e frescos; garantir a ingestão de proteínas; oferecer de 1,5 a 2 litros de líquidos ao dia incluindo água, sucos e chás;
· Proteção da pele contra os efeitos da pressão, fricção e cisalhamento: estar atento ao correto posicionamento do corpo, nas diferentes posições e decúbitos; mudar a posição de 2 em 2 horas e colocar sobre superfície (cama ou cadeira) suportes específicos como travesseiros, almofadas que redistribuam a pressão do corpo sobre as áreas de maior risco, como as proeminências ósseas; não arrastar a pessoa sem levar em conta a tensão do movimento, a fricção e o cisalhamento; observar as alterações da umidade e temperatura entre a pele e o colchão; evitar exposição à umidade, fricção ou deslizamento; usar roupas de cama sem rugas e preferencialmente de algodão; não arrastar o idoso para baixo ou para cima sem as medidas protetivas; evitar elevar a cabeceira mais de 30º; providenciar colchões especiais ou colchonetes para pacientes de risco, tipo caixa de ovos para os de baixo risco e dinâmicos que insuflam e desinsuflam ar para os de maior risco; providenciar almofadas e apoios como suporte nos decúbitos laterais; não usar almofadas com furos centrais pois predispõem à isquemia ou falta de circulação de sangue.
A UD é causada pela falta de circulação de sangue devido ao peso do próprio corpo do paciente, exercendo pressão na pele e causando lesões nos tecidos. Além da pressão, a fricção e o cisalhamento podem causar a UD. A fricção resultante do atrito da pele com a superfície sobre a qual ela está exposta pode causar abrasão ou lesão na superfície da pele como também danos aos tecidos internos da pele. O cisalhamento acontece quando duas camadas de células são puxadas em sentidos contrários, causando ruptura das conexões entre elas, lesionando os tecidos. O cisalhamento é comum nas trocas de leito e nas cabeceiras elevadas em demasia, pois nestas ocasiões acontece atrito da pele com o tecido da cama
.
Importante saber que algumas áreas do corpo são mais propensas à UD, como as proeminências ósseas que ficam diretamente abaixo da pele, sem a proteção de camadas de tecido muscular e de gordura, merecendo cuidados específicos
.
O conhecimento dos riscos UD, em adição à imobilidade, ajudam o cuidador realizar um plano de ação diante do quadro clínico do seu paciente: a pele frágil dos idosos; alteração de consciência em indivíduos com certas doenças degenerativas e então a inabilidade de cuidarem de si mesmos; doenças que interferem na circulação sanguínea atrapalhando o fluxo do sangue na nutrição e oxigenação dos tecidos como diabetes, doenças pulmonares ou infecções generalizadas; deficiência nutricional; sudorese aumentada ou diminuída, pois o suor excessivo aumenta a umidade da pele, tirando sua proteção natural e a falta de hidratação leva ao ressecamento da pele; doenças dos nervos, como diabetes e deficiências de vitaminas, que diminuem a sensibilidade de sentir a dor, a pressão sobre a pele, a sensação de umidade e as pregas das roupas, acarretando em lesões graves, principalmente nas saliências ósseas; higiene inadequada; desnutrição e sobrepeso que afetam diretamente na lesão e a cicatrização dos tecidos cutâneos; incontinência urinária que, além de provocar humidade, irrita e/ou agride a pele devido as substancias químicas da urina, expondo macerações e predispondo o aparecimento de UD; e incontinência fecal, prejudicando a higiene e predispondo a infecções, além de irritar a pele e facilitar a ocorrência de feridas que levam à formação de UD
.
1. Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – SBGG. [internet]. Prevenção de Úlcera por Pressão em ILPIs: Guia para Cuidadores de Idosos. [acesso em 14 jan 2022]:14p. Disponível em:
2. European Pressure Ulcer Advisory Panel, National Pressure Injury Advisory Panel and Pan Pacific Pressure Injury Alliance. Prevenção e tratamento de úlceras/lesões por pressão: guia de consulta rápida. (edição em português brasileiro). EmilyHaesler(Ed.). EPUAP/NPIAP/PPPIA. [acesso em 14 jan 2022]. 2019:46p. Disponível em:
3. Universidade de São Paulo – USP. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. Feridas Crônicas [internet]. Diretrizes para Tratamento. Prática Clínica do Tratamento de Úlceras de Pressão (lesão por pressão). [acesso em 14 jan 2022]. Disponível em:
ASSUNTO(S)
cuidados de enfermagem enfermeiro s97 Úlcera crônica da pele cuidadores lesão por pressão pessoas acamadas
ACESSO AO ARTIGO
https://aps-repo.bvs.br/aps/como-orientar-os-cuidadores-de-pacientes-acamados-na-prevencao-de-ulceras-de-decubito-2/Documentos Relacionados
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