Coletas sucessivas de embrião em vacas Nelore: intervalo das lavagens uterinas e desempenho reprodutivo

AUTOR(ES)
FONTE

JORNADA CIENTÍFICA-EMBRAPA SÃO CARLOS

DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

A obtenção de embriões bovinos tem interesse comercial e científico. O procedimento de coleta não-cirúrgico transcervical não é invasivo. Porém, a repetição do procedimento exige o restabelecimento reprodutivo da vaca. Este estudo objetivou determinar o efeito de coletas sucessivas de embrião no desempenho reprodutivo das doadoras. Setenta e uma vacas Nelore foram submetidas a uma estação reprodutiva de 90 dias, com a detecção do estro natural seguida por inseminação artificial (IA). No grupo controle (?CON?; n=33), as vacas foram submetidas ao diagnóstico de prenhez com o aparelho de ultrassom Mind-Ray Vet 33000, modo B de 5 MHz, 28 dias após a IA. No grupo coleta (?COL?; n=38) as vacas foram submetidas à coleta transcervical de embriões (n=68 coletas) 18 dias após a IA. A coleta foi precedida pela anestesia epidural baixa (5 mL de lidocaína 2%) e feita com a fêmea em estação. O cateter de três vias foi justaposto ao óstio cervical interno, e a lavagem foi feita por gravidade pelo influxo e efluxo de 1.000 mL (50 a 60 mL/vez) da solução salina fosfatada e tamponada a aproximadamente 30ºC. O lavado foi coletado num filtro próprio e transferido para placas de Petri para a avaliação embrionária sob estereomicroscópio (aumento de 80 X). As vacas do CON e do COL que regressaram ao estro após alguma IA foram re-inseminadas e re-lavadas (só as do COL) uma segunda ou terceira vez. Os resultados foram analisados pelo programa SAS for Windows. A analise de variância (proc GLM) foi aplicada nas variáveis discretas, e o teste do qui-quadrado (c2; proc FREQ) foi usado nas variáveis expressas como taxas. Destacam-se os seguintes resultados: duas vacas (uma de cada grupo) estavam em anestro e não foram inseminadas. Houve 164 IAs, sendo 31 para as vacas CON, das quais 24 ficaram prenhes após a 1ª IA e sete foram re-inseminadas. Houve 64 re-inseminações devido à interrupção da possível prenhez pela coleta. Dezoito vacas foram lavadas duas vezes e quatro foram lavadas três vezes. Ao final da estação, duas vacas do CON e cinco do COL não estavam prenhes. A taxa de prenhez (TPR) foi diferente (P < 0,01) entre a 1ª, 2ª e 3ª IA (respectivamente de 69,5%, 46,7% e 37,5%). A taxa de recuperação embrionária (TRE) não diferiu (P>0,05) entre coletas e foi respectivamente de 65,8%, 59,1% e 25,0% após a 1ª, 2ª e 3ª lavagem. A TRE não diferiu (P > 0,05) da TPR. As TPR cumulativas (1a + 2a + 3ª IAs e 1a + 2a + 3ª lavagens) também não diferiram (P > 0,05). O intervalo entre a lavagem e o estro seguinte foi, em média, de 12,05 ± 2,43 dias (n = 68) e não diferiu (P > 0,05) entre vacas que se tornaram prenhes no ciclo subsequente à lavagem (12,94 ± 2,18 dias; n = 36) e que não emprenharam (12,54 ± 2,24 dias; n = 28). As lavagens produziram números confiáveis de recuperação embrionária e não tiveram efeitos residuais prejudiciais imediatos sobre a fertilidade das vacas. Portanto, a coleta transcervical não afetou o desempenho reprodutivo subsequente de vacas da raça Nelore.

ASSUNTO(S)

embriões coleta desempenho reprodutivo

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