Classificação de Montreal para doença de Crohn: aplicação clínica em uma coorte brasileira de 90 pacientes consecutivos

AUTOR(ES)
FONTE

Arquivos de Gastroenterologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2010-09

RESUMO

CONTEXTO: A doença de Crohn apresenta características bastante heterogêneas clinicamente, de modo que a classificação dos pacientes com a doença em subgrupos homogêneos de acordo com aspectos clínicos, moleculares e genéticos é tarefa desafiadora. A Classificação de Montreal para a doença de Crohn foi proposta em 2005 como um esforço no sentido de caracterizar pacientes com doença de Crohn de acordo com os recentes avanços clínicos e de pesquisa no campo das doenças inflamatórias intestinais. Desde sua proposição, a Classificação de Montreal necessita de uma ampla validação e aplicação entre diferentes populações ao redor do mundo. Não há até aqui, segundo se sabe, estudos aplicando a Classificação de Montreal em uma coorte brasileira de pacientes com doença de Crohn. OBJETIVOS: Aplicar a Classificação de Montreal a uma coorte brasileira de pacientes com doença de Crohn atendidos em um centro de referência para doenças inflamatórias intestinais no noroeste do Estado de São Paulo, Brasil. MÉTODOS: Foram selecionados 90 pacientes com diagnóstico bem caracterizado de doença de Crohn, atendidos consecutivamente em ambulatório de doenças inflamatórias intestinais entre janeiro de 1992 e janeiro de 2007, com seguimento mínimo de 2 anos; foram avaliados dados referentes às características demográficas, manifestações clínicas da doença, idade ao diagnóstico, tempo de doença, localização e comportamento da doença, presença de manifestações extraintestinais, história familiar de doença de Crohn, manifestações perianais, tratamento com drogas biológicas e história de tratamento cirúrgico. RESULTADOS: Houve predomínio de pacientes do sexo masculino (54%), com média de idade ao diagnóstico de 33 ± 14 anos e seguimento com mediana de 5,5 anos. A maior parte dos pacientes foi diagnosticada com idade entre 17 e 40 anos (59%), e possuía doença localizada no íleo terminal (46%), com comportamento não-estenosante e não-penetrante (71%). O tempo de doença associou-se à necessidade de tratamento com drogas biológicas, comportamento da doença e tratamento cirúrgico (P<0,05). CONCLUSÕES: Os achados do presente estudo são compatíveis com resultados de outros estudos realizados com diferentes populações, embora outro estudo multicêntrico, com maior número de pacientes, possa ser necessário para validar a Classificação de Montreal entre a população brasileira.

ASSUNTO(S)

doença de crohn

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