Citólise mediada por leishporina de Leishmania (Leishmania) amazonensis: requisitos para a ligação da citolisina à membrana, visualização de estruturas pore-like e estratégias para sua identificação

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Chamamos de leishporina uma citolisina que foi descrita pelo nosso grupo inicialmente em L. amazonensis, mas cuja atividade citolítica foi também detectada em L. major, L. panamensis e L. guyanensis (Noronha,1996; Noronha et al., 1996). A atividade citolítica de L. amazonensis foi detectada em promastigotas e amastigotas, mas toda a caracterização desta atividade foi feita em promastigotas. Assim, nosso grupo mostrou que promastigotas contêm uma atividade lítica capaz de lisar hemácias e células nucleadas, incluindo o macrófago, a célula hospedeira do gênero Leishmania (Noronha et al., 1996). Posteriormente, utilizando a técnica de patch-clamp, nosso grupo mostrou que a lesão celular causada pelo extrato do parasita é mediada pela formação de poros não seletivos na membrana-alvo, demonstrando que a citolisina de L. amazonensis é uma citolisina formadora de poros, de onde veio o nome leishporina (Noronha et al., 2000). O fato de parasitas do gênero Leishmania, causadores de diversas formas de leishmaniose, possuírem uma molécula formadora de poros gera a questão óbvia de qual seria a sua função. A resposta a esta questão depende, no entanto, de conhecermos a identidade da leishporina. Embora já tenhamos determinado várias características desta citolisina e do seu mecanismo de ação (Noronha et al., 1994; Noronha et al., 1996; Noronha et al., 2000; Almeida-Campos &Horta, 2000), não sabíamos sobre sua identidade molecular. Na busca dessa identidade, os resultados do presente trabalho utilizamos duas abordagens diferentes que, além de nos apontar para algumas moléculas candidatas a mediarem a atividade formadora de poros, elucidaram aspectos importantes sobre os requisitos necessários para que ocorra a lise. Assim, demonstramos que a leishporina se liga às membranas alvo e são removidas do extrato por hemácias ou lipossomos compostos de DPPC. Demonstramos ainda que o sítio de ligação da citolisina e o requisito mínimo para sua atuação são fosfolipídeos das membranas-alvo. Quanto à identificação da leishporina, utilizando técnicas de cromatografia, obtivemos várias frações líticas de extratos ricos em membrana de promastigotas, onde se localiza a leishporina. Algumas delas possuíam apenas lisofosfolipídeos e em outras, havia também proteínas, sendo que uma delas foi identificada como a HSP70 de L. amazonensis. A ligação seletiva da leishporina em lipossomos de DPPC também apontou para algumas proteínas como candidatas, sendo que uma delas, de PM por volta de 48 kDa, possivelmente a gp46 que sabidamente se ligou aos lipossomos. Outras proteínas que se ligaram aos lipossomos foram: a gp63, a beta-tubulina, a GAPDH, e uma de 80 kDa, ainda não identificada. A termolabilidade do extrato total, em contraposição à termoresistência dos lisofosfolipídeos bem como a termoresistência do extrato tratado com proteinase K, nos fez hipotetizar que a leishporina seja um complexo lipoprotéico cuja parte lipídica seria a responsável pela atividade formadora de poros e a parte protéica possa ser algumas das proteínas já identificadas ou apenas seu inibidor. Além disso, pela primeira vez, fomos capazes de visualizar, por Microscopia de Força Atômica, estruturas pore-like na superfície de hemácias e de filmes lipídicos derivados de lipossomos de dipalmitoilfosfatidilcolina (DPPC) lisados pela leishporina.

ASSUNTO(S)

bioquímica teses. leishmania amazonensis teses. leishmania teses. leishporina

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