Citação e alusão nas crônicas machadianas: estratégias de ler e escrever pelo avesso

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Esta dissertação tem como tema a citação e a alusão na crônica machadiana. Objetiva-se estudar o circuito do Sermão da Montanha como estratégia de leitura e de escritura no processo de aludir e citar, tendo na inversão da fonte por ironia ou paródia sua força de reescritura afinada com o sério-cômico de linhagem luciânica. Cinco crônicas foram selecionadas para corpus desta pesquisa, a saber: Parasita II na seção Aquarelas de 9 de outubro 1859, publicada no periódico O Espelho; as publicadas na seção Ao acaso de 12 de junho de 1864 e de 22 de agosto de 1864, no Diário do Rio de Janeiro; além de duas outras - as de 4 de setembro de 1892 e 25 de março de 1894, publicadas na seção A Semana do periódico Gazeta de Notícias. Levantamos como problema da pesquisa a seguinte indagação: como Machado de Assis, pelo uso da citação e da alusão, esvazia o discurso canônico e revela seu antidogmatismo? Como hipótese, consideramos o uso da citação e da alusão como método machadiano de ler-escrever pelo avesso, fundado sobre a ironia e a paródia, de sorte a esvaziar o discurso canônico de tradição bíblica, representado pelo Sermão da Montanha. Norteamos a pesquisa pelo suporte teórico sobre texto legível e escriptível de Barthes e os de paródia alicerçados em Linda Hutcheon e Bakthin, além dos estudos de Enylton de Sá Rego sobre o vínculo da obra machadiana com a sátira menipeia de linhagem luciânica. Após leitura, análise e comparação entre as citações e alusões do Sermão da Montanha nas crônicas selecionadas, consideramos que Machado de Assis se utiliza de citação e alusão, ainda que num gênero considerado menor como a crônica, como estratégias discursivas que visam à formação do leitor

ASSUNTO(S)

literatura comparada machado de assis crônica alusão citação ler-escrever chronicles allusion quotation read-write

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