Cientistas na TV: como homens e mulheres da ciência são representados no Jornal Nacional e no Fantástico *

AUTOR(ES)
FONTE

Cad. Pagu

DATA DE PUBLICAÇÃO

16/09/2019

RESUMO

Resumo Neste trabalho, no âmbito da extensa literatura sobre mulheres e ciência, investigamos um território menos explorado no Brasil: o das representações de mulheres cientistas em programas televisivos de grande audiência. Lançando mão de uma triangulação metodológica de técnicas quantitativas e qualitativas, incluindo análise de conteúdo e análise visual, estudamos, por 12 meses, dois programas de grande audiência na TV: o Jornal Nacional e o Fantástico . Os resultados mostram, por um lado, uma presença importante de jovens cientistas mulheres, mas, por outro, uma construção discursiva que remete claramente a um universo científico majoritariamente masculino, com protagonistas predominantemente brancos e de meia idade. Vozes e presença das mulheres tendem a ser sub-representadas e pouco visíveis, além de aparecer com conotações simbólicas diferentes da dos homens, reproduzindo hierarquias e estereótipos. Evidenciamos também os efeitos que os diferentes contextos de produção e os registros estéticos dos dois programas têm sobre as representações de gênero.Abstract In this paper, within the scope of the extensive literature on women and science, we investigate a territory that is less explored in Brazil: the representations of female scientists in widely viewed TV programs. Using a methodological triangulation of quantitative and qualitative techniques, including content analysis and visual analysis, we analyzed, during 12 months, two of Brazil's highest-rated television programs: the Jornal Nacional and Fantástico. While the results found an important presence of young female scientists, they identified a discursive construction that clearly refers to a predominantly male scientific universe with predominantly white and middle-aged protagonists. Women's voices and presence tend to be under-represented and poorly visible, and appear with symbolic connotations different from those of men, which reproduce hierarchies and stereotypes. We also show the influence of the different production contexts and aesthetic registers of the two programs on the representations of gender.

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