Ciência, televisão e adolescentes: um estudo comparativo entre França e Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

Educ. Pesqui.

DATA DE PUBLICAÇÃO

21/10/2019

RESUMO

Resumo Neste artigo, apresentamos um estudo de caráter qualitativo, cujo objetivo foi comparar a percepção de adolescentes do Rio de Janeiro e de Paris sobre a ciência e a imagem do cientista. A proposta de comparar os jovens cariocas e parisienes baseia-se no fato de que há similaridades entre Brasil e França no que se refere à função social da TV e o consumo midiático de informações de ciência, porém divergências no processo de institucionalização da ciência em ambos os países. Para esta comparação, realizamos oito grupos focais, sendo quatro em cada cidade, buscando jovens de classes sociais diferenciadas. Como suscitadores de discussão, utilizamos materiais de diversos gêneros televisivos com conteúdos científicos. Os resultados indicam que jovens do Brasil e da França apresentam similaridades quanto ao processo de construção de sentido em torno da ciência. Eles destacam pontos de vista ponderados e articulados sobre a questão da ética na atividade científica, a presença da ciência na televisão e a participação de homens e mulheres no meio acadêmico. Em especial, os alunos cariocas de escolas particulares e os parisienses em geral se assemelham com maior recorrência. Quanto à representação dos cientistas, houve mais divergência. Os brasileiros compreendem que o estereótipo tradicional do “cientista maluco” é ancorado na realidade e alguns cientistas da vida real apresentam características próximas ou semelhantes a essa imagem. Em contrapartida, os franceses percebem que este estereótipo é uma caricatura, que visa o entretenimento, e pouco se aproxima da realidade.Abstract The purpose of this qualitative study was to compare how adolescents from Rio de Janeiro and Paris perceive science and scientists. These two cultures were chosen because the social role of television and the consumption of science information through the media share similarities in Brazil and France, while the institutionalization of science has differed from one country to the other. Young people from different social classes were formed into eight focus groups (four per city) and shown excerpts of science content from various genres of television programs as a way of sparking discussion. Results revealed that these young people constructed meaning about science in similar ways. They expressed thoughtful, articulate viewpoints on the issue of ethics in scientific activity, the presence of science on television, and the participation of men and women in scientific academia. Students from the two private schools in Rio de Janeiro and from all four Paris schools displayed greater similarities overall. Between-country differences were sharper when it came to the portrayal of scientists. The Brazilians believed that the traditional stereotype of the “mad scientist” is anchored in reality and that the characteristics of some real-life scientists resemble this image, while the French students perceived this stereotype as a caricature meant to entertain, but having little to do with actual reality.

Documentos Relacionados