Cidade e individuo em A republica : um estudo sobre a polis de Socrates

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo trazer à discussão a relação entre indivíduo e cidade, a partir do diálogo A República de Platão, e outros temas afins, que permitem melhor discutir as relações, tais como, sua fundação em lógos, o tema do rei-filósofo, as virtudes requeridas dos cidadãos, a sua natureza (se é utópica, irreal), principalmente a relação entre indivíduo e cidade. Os temas privilegiados são concernentes à fundação da pólis em lógos, por Sócrates e seus interlocutores, especialmente os irmãos Glauco e Adimanto. O que Sócrates propõe na República é a construção com lógos, de uma cidade onde o princípio fundador está na relação physis-érgon, pois "cada um de nós não nasceu igual ao outro, mas com naturezas diferentes, cada um para a execução do seu érgon". (Rep. 11,370b). Esta cidade deve ser governada pela sophia e a sophia da cidade consiste no fato de ela possuir uma epistéme que a torna capaz de deliberar acerca do comportamento interno e externo de seus cidadãos, dependendo, assim, essencialmente do seu governante. A pólis de Sócrates, se bem que tivesse pontos de afinidade com a pólis helênica, divergia dela em muitos aspectos e, neste sentido, trataremos de verificar proximidades e dessemelhanças entre elas, nos detendo primeiramente sobre a noção de pólis na Antigüidade, pois, como convém salientar, o autor da República está atento ao que se passa à sua volta e tem consciência da crise que a Grécia e a pólis atravessavam. A pólis que vemos surgir na República é uma cidade justa, nota-se a grande preocupação do filósofo com o tema da justiça, tema este que perpassa todo este diálogo. Para o filósofo, dentre as virtudes cardeais, a saber: sabedoria, coragem, temperança e justiça, a justiça é a maior delas e é ela que deve imperar na cidade que está a fundar. Ao tratar da cidade justa, o filósofo fala, entre outros assuntos, de educação, de literatura, da teoria das idéias, da recompensa das almas justas, no entanto, é a preocupação com a maior das virtudes; a justiça, que coloca o filósofo no encalço do cidadão justo, aquele indivíduo talhado para habitar esta cidade justa, que esta a fundar. Este nosso trabalho contempla a questão das virtudes e da justiça, além de uma série de aspectos que têm suscitado polêmicas quanto a esta cidade da República: seria ela "utópica", "irreal", "autoritária"? O filósofo idealizador do projeto desta cidade trata sim, com extremo rigor, das características que parecem fundamentais para que a cidade justa possa ser pensada como um modelo - para aquele que quer pautar sua vida pelas virtudes. Nos detemos também na relação estreita entre cidadão e cidade, afinal, o que Sócrates pretende é que a cidade, como um todo, possa ser feliz e, neste caso, isto somente seria possível se cidade e cidadãos forem justos igualmente. Para tanto, cada indivíduo envidaria todos os seus esforços para que a cidade pudesse ser o espaço onde a bem-aventurança gerenciasse a vida de todos, indistintamente. Em síntese, a República conjuga, harmoniosamente, alguns elementos da história e da teoria políticas da Grécia com a estrutura da filosofia de Sócrates

ASSUNTO(S)

politica - filosofia conhecimento cidadania etica antiga justiça

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