Cicuta é para os otários ou a sedutora liberdade do sobrinho de Rameau

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FONTE

Trans/Form/Ação

DATA DE PUBLICAÇÃO

2021-06

RESUMO

Resumo: O objetivo deste ensaio é resgatar as provocações, a lucidez e os impasses da consciência crítica demolidora de Ele, o personagem imoralista e cínico do diálogo O sobrinho de Rameau, de Denis Diderot, ressaltando dois aspectos da sua radicalidade filosófica e, sobretudo, ética: 1) tendo em mente o atual contexto histórico de trevas e perplexidade moral, no Ocidente, junto com Ele, o sobrinho de Rameau, indagar mais uma vez a Eu, o seu interlocutor iluminista, isto é, pretensamente esclarecido e cheio de convicções morais e certezas filosóficas, se valeu a pena para Sócrates, uma referência importante para o pensamento das Luzes na questão moral, ter escolhido os seus princípios nobres, mesmo ao custo da cicuta, em vez dos preconceitos da vida como ela é, ou melhor, se o célebre sábio grego teve algum benefício, ao ter optado pela ética e pelo conhecimento, e não pela indiferença e pela ignorância, num mundo cada vez mais determinado por apetites cegos à verdade e à virtude; 2) pensar a postura niilista do sobrinho, não só como uma sabedoria, como uma arte de viver, como uma técnica de sobrevivência em tempos hiperindividualistas, mas como um paradigma de liberdade, a despeito de suas consequências práticas.

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