Chumbo na água de consumo de Ribeirão Preto (SP): fatores químicos, físicos e possíveis correlações com a contaminação de crianças / Lead in drinking water from Ribeirão Preto (SP): chemical and physical factors and possible correlations with children contamination

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

21/03/2011

RESUMO

A intoxicação por chumbo tem conseqüências devastadoras para o ser humano, principalmente para crianças. Em Ribeirão Preto foram detectadas crianças com níveis de chumbo no dente tão elevados quanto de crianças com conhecida contaminação na cidade de Bauru (SP). Diante disso, este trabalho teve como objetivos investigar fatores físicos e químicos que possam elevar a concentração de chumbo na água de consumo, e avaliar a possível correlação entre a contaminação por chumbo nas crianças com a água de suas residências. O estudo da capacidade de corrosão da água utilizando um pedaço de cano a base de chumbo mostrou que ao diminuir o pH de 6,40 para 5,94 a lixiviação de chumbo aumentou 3 vezes, enquanto o aumento de 6,40 para 7,06 diminuiu a lixiviação em 20%, após 8 horas de experimento. Não foi observada influência na capacidade de corrosão em testes de 48 horas quando aumentou-se a dureza da água. Foram coletadas amostras (1L) de água das 40 casas estudadas, sendo as primeiras alíquotas coletadas após pelo menos 6 horas de repouso nos encanamentos. Amostras de água recém tratada de 11 postos de abastecimento de Ribeirão Preto serviram como controle. A faixa de condutividade da água das casas foi bastante ampla (50,4 - 116,9 S cm-1), e nenhum dado foi estatisticamente diferente do grupo controle (70,6 ± 40,2 S cm-1). Cerca de 60% dos valores de pH das amostras das casas estavam menores que do controle (6,20 ± 0,25), provavelmente devido à hidrólise de metais vindos da corrosão de encanamentos. Dos parâmetros estudados, as variações mais significativas que ocorreram entre a água da torneira do registro e da cozinha foi o pH, que teve a tendência em aumentar, principalmente em casas que tinham caixa d\ água. As concentrações de cálcio nas casas variaram de 2,36 - 7,23 mg L-1, e magnésio de 0,77 - 2,62 mg L-1, estando portanto dentro da faixa de concentração do grupo controle (1,94 - 10,74 mg L-1 Ca2+ e 1,01 - 3,62 mg L-1 Mg2+). Nas casas amostradas as concentrações de cobre (de 0,82 a 458 g L-1) e chumbo (de <0,28 a 3,19 g L-1) não ultrapassaram os máximos recomendados pela portaria 518 do Ministério da Saúde. No entanto, verificou-se um aumento na concentração desses metais em relação ao grupo controle ([Pb] = 0,16 ± 0,10 g L-1 e [Cu] = 2,17 ± 3,19 g L-1), reforçando a idéia de que ocorre lixiviação no percurso dos postos de abastecimento às residências. Após o escoamento de 5 minutos entre alíquotas, as concentrações de metais foram significativamente menores. Os coeficientes de correlação linear entre a concentração de chumbo na água e no sangue ou no esmalte (1ª e 2ª biópsia) das crianças não foram estatisticamente significativos (rmáximo = 0,2324; p = 0,17231). Porém, considerando as concentrações de chumbo na água maiores que 0,5 g L-1 o coeficiente de correlação linear com o sangue passou de 0,1517 para 0,8373 (p = 0,00129; n = 11). A relevância dessa correlação só poderá ser estabelecida uma vez que haja um maior número de amostras.

ASSUNTO(S)

Água de consumo children chumbo crianças drinking water encanamentos lead plumbing ribeirão preto

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