Centro de Tratamento da Aorta: a especialização reduz complicações e mortalidade
AUTOR(ES)
Sales, Marcela da Cunha, Frota Filho, José Dario, Aguzzoli, Cristiane, Souza, Leonardo Dornelles, Rösler, Álvaro Machado, Lucio, Eraldo Azevedo, Leães, Paulo Ernesto, Pontes, Mauro Ricardo Nunes, Lucchese, Fernando Antônio
FONTE
Braz. J. Cardiovasc. Surg.
DATA DE PUBLICAÇÃO
2014-12
RESUMO
Objetivo: Comparar desfechos intrahospitalares em pacientes submetidos a cirurgia da aorta torácica e toracoabdominal, antes e após a constituição do Centro Especializado de Tratamento da Aorta (CTA). Métodos: Coorte prospectiva com controle não contemporâneo. A criação do CTA envolveu treinamento cirúrgico especializado, sala híbrida, monitorização neurológica, capacitação de pessoal de apoio, aperfeiçoamento dos registros e uso de protocolos específicos. Foram incluídos 332 pacientes operados em 2 períodos: janeiro/2003 a dezembro/2007 (pré-CTA, n=157, 47,3%); e janeiro/2008 a dezembro/2010 (CTA, n=175, 52,7%). As características demográficas, clínicas, dados cirúrgicos, complicações e mortalidade hospitalar foram comparados nos 2 grupos. Resultados: A idade média foi 58±14 anos, com 65% sexo masculino. O grupo CTA teve idade, prevalência de diabete (DM) e glicemia maiores; menor prevalência de doença pulmonar obstrutiva crônica e insuficiência cardíaca; maior proporção de aneurismas e cirurgias eletivas; e mais procedimentos endovasculares que o pré-CTA. Na análise univariada, o grupo CTA mostrou redução de mortalidade (9,7% x 23,0%, P=0,008), que foi consistente nos diferentes subgrupos estratificados por patologia e por procedimento. O grupo CTA teve também redução de reoperações (5,7% x 11%, P=0,046), complicações maiores (20,6% x 33,1%, P=0,007), acidente vascular cerebral (4,6% x 10,9%, P=0,045) e sepse (1,7% x 9,6%, P=0,001), comparado ao pré-CTA. Na análise multivariada, o CTA se associou de forma independente a redução de mortalidade hospitalar (OR=0,23, IC 95% 0,08 - 0,67, P=0,007). A redução de mortalidade do CTA também ocorreu na análise estratificada por patologia (cirurgias de aneurisma, OR=0,18, IC 95% 0,03 - 0,98, P=0,048; cirurgias de dissecção, OR=0,31, IC 95% 0,09 - 0,99, P=0,049) e por procedimento (híbridos, OR=0,07, IC 95% 0,007 - 0,72, P=0,026; Bentall, OR=0,18, IC 95% 0,038 – 0,904, P=0,037). Também foram preditores independentes de mortalidade a creatinina pré-operatória (OR=1,7, IC 95% 1,1-2,6, P=0,008), a cirurgia de urgência (OR=5,0, IC 95% 1,5-16,7, P=0,008) e o aneurisma toracoabdominal (OR=24,6, IC 95% 3,1-194,1, P=0,002). Conclusão: O tratamento cirúrgico de patologias da aorta torácica e toracoabdominal em centro especializado, em comparação ao tratamento usual, se associou a menor incidência de complicações e mortalidade global.
ASSUNTO(S)
cirurgia de aorta centro especializado desfechos cirúrgicos mortalidade hospitalar
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