Centennial figs, Environmental History and structure of the Atlantic forest in the municipal district of Angra dos Reis, RJ. / Figueiras centenárias, História Ambiental e estrutura da Mata Atlântica no município de Angra dos Reis, RJ

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O bioma da Mata Atlântica é internacionalmente conhecido tanto por sua diversidade quanto pelo fato de se tratar de um dos mais ameaçados pela devastação. Porém, ao se referir ao seu âmbito de domínio em todo território nacional e também em particular na região Sul Fluminense, local do presente estudo, não se pode desassociar dos contínuos usos que a mesma tem prestado aos seus habitantes ao longo dos séculos. Assim, um olhar mais apurado sobre a paisagem torna patente que o que parece virgem, intocado, já se prestou a fornecer alimento, fonte de energia às populações que por lá passaram ao longo do tempo. No presente estudo, tem-se como ponto de partida para análise da estrutura e composição de alguns trechos de mata atlântica, a presença de exemplares do gênero Ficus, da família Moraceae, preservadas da derrubada quando da implantação de roças por populações tradicionais. A partir deste fato, procurou-se compreender os efeitos, na estrutura e na composição em dois trechos de mata atlântica, um no Parque Nacional da Serra da Bocaina e outro no Parque Estadual da Ilha Grande, considerando-se que alguns destes exemplares possuem diâmetro e altura significativamente fora dos padrões das árvores que os circundam. Nesse contexto cultural de usos de territórios por populações tradicionais, a presente dissertação tem como objetivo central detectar e avaliar a presença de um marco ambiental (as figueiras centenárias) relacionando-as à estrutura e composição da Mata Atlântica remanescente de usos pretéritos ou presentes. Para este efeito, utilizou-se o método de parcelas, onde foram alocadas 30 parcelas de 10 x 10 m totalizando uma área amostral de 3.000 m2. O critério de inclusão adotado foi DAP ≥ 5 cm. No inventário das duas áreas de estudo (Bocaina I e II e Ilha Grande) foram amostrados um total 367 indivíduos distribuídos em 107 espécies, 85 gêneros e 35 famílias. Os valores do Índice de diversidade de Shannon encontrados em Bocaina I, Bocaina II e Ilha Grande, respectivamente (H= 3,31nats/ind./ 3,36 nats/ind. / 3,93 nats/ind.) foram elevados, comparam-se aos valores referenciados para florestas conservadas, inventariadas no Sudeste. Observou-se que a presença das figueiras centenárias contribui para um aumento significativo da biomassa florestal na escala examinada. Não foi verificado o recrutamento das espécies de Ficus estudadas, pelo menos no que se refere ao critério de inclusão utilizado (dap>5 cm), que abarca indivíduos não maduros em termos reprodutivos. Ficou evidenciado que estes Ficus representam um recurso significativo para a fauna local e a presença dos exemplares de figueiras não parece impor uma alteração severa ao conjunto dos demais exemplares da comunidade, uma vez que não foram detectadas mudanças significativas na densidade ou de dominância entre as parcelas mais próximas e as mais afastadas dos mesmos. Se as diferentes áreas geográficas do presente estudo (Serra da Bocaina e Ilha Grande) forem comparadas sob a influência de um mesmo marco cultural (figueiras centenárias preservadas), observa-se que apesar do diferente histórico de ocupação, os motivos da preservação destes exemplares se assemelha e sugere que o mesmo tabu encontra-se espalhado por distintas populações tradicionais do sudeste brasileiro.

ASSUNTO(S)

ficus atlantic forest. mata atlântica. ocupação e uso do solo occupation and use of the land história ambiental conservacao da natureza environmental history

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