Cavidades secretoras nos órgãos vegetativos aéreos de Copaifera trapezifolia Hayne (Leguminosae, Caesalpinoideae)  / Secretory cavities in the aerial vegetative organs of Copaifera trapezifolia Hayne (Leguminosae, Caesalpinioideae).

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

As copaíbas, pertencentes à família Leguminosae, subfamília Caesalpinioideae, são conhecidas pela produção de uma óleo-resina com propriedades antiinflamatórias, utilizada na medicina popular e pela indústria farmacêutica. A substância é retirada do tronco da árvore, através do uso de um trado que perfura o caule até que a óleo-resina escorra. Esta óleo-resina parece ser produzida, armazenada e secretada por dois tipos de estruturas secretoras, os canais e as cavidades secretores. Embora muitos trabalhos tratem das análises químicas e das atividades biológicas da óleo-resina de espécies de Copaifera, poucos são os que tratam dos mecanismos subcelulares da produção, do armazenamento e da secreção da óleo-resina. Assim, o objetivo deste trabalho foi estudar comparativamente a distribuição, a morfologia, o desenvolvimento e o conteúdo secretor dos canais e/ou cavidades secretores de óleo-resina no caule e na folha de Copaifera trapezifolia Hayne, única dentre as 35 espécies do gênero que ocorre na Floresta Atlântica. Foi testado se os canais e/ou cavidades secretores produzem óleo-resina na folha, assim como relatado para o caule, a fim de propor alternativas para a utilização do tronco da árvore como fonte da secreção. Como a natureza química da secreção já é conhecida para o caule, o estudo ultraestrutural visa relacionar as populações de organelas às substâncias produzidas, ampliando o conhecimento sobre os mecanismos de produção e secreção de óleo-resina pelas células epiteliais secretoras dos canais e/ou cavidades. Para tal, gemas axilares contendo primórdios foliares e caulinares e folíolos medianos completamente expandidos foram coletados de três indivíduos no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e processados para estudos anatômicos, de histolocalização de óleo-resina, ultra-estruturais e de diafanização de folhas inteiras. Os dados indicam que estruturas com forma isodiamétrica, denominadas cavidades secretoras, ocorrem na folha e no caule em estrutura primária e secundária. Na lâmina foliar, estão localizadas entre os parênquimas paliçádico e lacunoso e na face abaxial da nervura central; no pecíolo as cavidades ocorrem no córtex; no caule ocorrem imersas nos parênquimas cortical e medular. Originam-se de células do meristema fundamental, a partir de uma divisão periclinal seguida de duas anticlinais; o lúmen é originado por esquizogenia. O conteúdo das cavidades tanto do caule como da folha contém óleo e resina, conforme consta na literatura para o gênero. Isto permite inferir que a extração da óleo-resina seria menos prejudicial para a planta se extraída da folha. A presença de um epitélio bisseriado na folha e no caule, assim como o que foi encontrado em C. langsdorffii, constitui um dado inédito para Leguminosae e, provavelmente, representa a reposição das células epiteliais que já secretaram. As células epiteliais, no início da produção dos metabólitos, são polarizadas: núcleo próximo à parede periclinal interna e citoplasma próximo à parede periclinal externa. O citoplasma é rico em mitocôndrias e retículos endoplasmáticos liso e rugoso, associados a vesículas (folha) ou plastídeos (caule). Vesículas de conteúdo distinto (elétron-denso e elétron-opaco) são produzidas nos retículos, transportadas por entre as microfibrilas das paredes anticlinal e periclinal interna e liberadas para o lúmen. Produção e secreção de metabólitos para o lúmen não são sincronizadas nas células epiteliais de uma mesma cavidade. Sugere-se que o componente resinoso seja produzido nos retículos rugosos e plastídeos, e o oleoso nos retículos lisos. A comparação entre C. langsdorffii e C. trapezifolia utilizando caracteres com valor diagnóstico representa um resultado pioneiro se considerado o grande número de espécies e morfo-espécies do gênero. No entanto, a inclusão de um maior número de espécies nos estudos de estruturas secretoras de Copaifera permitiriam auxiliar a delimitação infragenérica do grupo.

ASSUNTO(S)

copaifera ultraestructure anatomia óleo-resina cavidade secretora secretory cavity anatomy oleoresin copaifera ultraestrutura

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