Carcinomas primarios do ovario : estudo imunoistoquimico do p53, PTEN e Ki67 relacionado a dados clinicos e morfologicos : uma discussão sobre vias de carcinogenese

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Os carcinomas representam 80 a 95 % das lesões malignas do ovário. As lesões epiteliais, com especial ênfase aos grupos dos tumores borderline e malignos, apresentam-se subclassificadas em entidades numerosas e de difícil reprodutibilidade com questionável relevância prognóstica e terapêutica denotadas pela persistência dos estádios avançados no momento do diagnóstico e pela falta de alteração significativa da sobrevida nas duas últimas décadas. A necessidade de marcadores que auxiliem na identificação de lesões precursoras, prevejam o comportamento biológico e de resposta ao tratamento dessas neoplasias são importantes não só para caracterização diagnóstica, como também, para a otimização da sobrevida . O gene P53 codifica uma fosfoproteína de 53 quilodaltons que tem como funções a regulação do ciclo celular, a apoptose, o reparo de DNA e a senescência celular. A mutação do P53 é observada em mais de 50% dos carcinomas ovarianos e tem sido relacionada a um pior prognóstico e à quimiorresistência. Já o gene PTEN determina a produção de uma fosfatase que influencia os sinais de sobrevivência celular, de apoptose e das interações célula-matriz extra-celular e tem sido estudada em neoplasias epiteliais ovarianas como indicadora de possíveis vias de carcinogênese, de alvo de novas terapêuticas e como marcador diagnóstico/prognóstico. Nosso estudo visou estudar esses marcadores (p53 e PTEN) como instrumentos auxiliares na caracterização dos carcinomas primários do ovário. Setenta casos de carcinomas primários do ovário, subdivididos em 27 endometrióides, 26 serosos e 17 mucosos, foram avaliados através de reações imunoistoquímicas para o p53, PTEN e Ki67 ( marcador de proliferação celular) e comparados com parâmetros morfológicos (tipo e grau histológicos) e clínicos (idade, estádio da doença e diâmetro tumoral). A maior expressão do p53 foi observada em lesões menos diferenciadas (graus 2 e 3 histológicos), em particular no grupo dos carcinomas serosos. Os carcinomas serosos apresentaram um predomínio significativo de casos em estádios avançados (III e IV). A expressão citoplasmática da proteína PTEN foi significantemente menor (negativa) nos carcinomas endometrióides G1 que, em 60% dos casos, se mostraram associados a áreas de endometriose. A positividade para o Ki67 foi maior nos carcinomas serosos e menor nas lesões de grau 1. Os maiores diâmetros tumorais foram observados no grupo dos carcinomas mucosos, todos de grau 1 histológico, associados em 77% dos casos a áreas de padrão benigno e borderline. Estes resultados permitem concluir que a maior freqüência de expressão da p53 está associada à perda da capacidade de diferenciação, em particular nas neoplasias de padrão morfológico seroso. A inativação do PTEN parece representar um fenômeno precoce no processo de carcinogênese no grupo dos carcinomas endometrióides bem diferenciados, como observado nos carcinomas de endométrio do tipo I, em associação com focos de endometriose. Os carcinomas mucosos apresentam um gradiente morfológico ?adenoma-tumor borderline-carcinoma?, falando a favor uma possível origiem a partir de lesões mucosas pré-existentes. Esses achados sugerem a possibilidade de que diferentes vias de carcinogenêse estejam envolvidas no processo de transformação maligna dos tumores epiteliais ovarianos

ASSUNTO(S)

ovarios - cancer imunohistoquimica patogenesia carcinoma

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