Caracterização molecular, antigênica e epidemiológica da Ehrlichia canis em Uberlândia, MG, Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

18/05/2011

RESUMO

A erliquiose monocítica canina (EMC) é uma doença com ampla distribuição no Brasil e mundo. O agente causador é uma bactéria gram negativa intracelular obrigatória denominada Ehrlichia canis, a qual para infectar o cão precisa do auxílio de um vetor, o Rhipicephalus sanguineus. No ano de 2009 foi realizado o primeiro isolamento deste agente em Uberlândia a partir de um cão doente. Este isolado foi propagado in vitro e o gene 16S rRNA seqüenciado para sua caracterização e comparação com outros isolados. O sequenciamento do 16S rRNA confirmou a identificação do isolado como E. canis e apresentou alta homologia com demais cepas e isolados depositados no GenBank. Também foi avaliada a habilidade antigênica na reação de imunofluorescência indireta (RIFI), utilizando como antígeno este e outro isolado brasileiro, o São Paulo, e soros caninos das duas cidades. Quanto à positividade, os soros de cães de São Paulo e de Uberlândia foram concordantes na RIFI com ambos antígenos, apesar de grandes variações no título final. Pela análise do índice Kappa foi constatado que os dois antígenos possuem respostas diferentes, sendo que os animais de São Paulo, que provavelmente adquiriram anticorpos contra a cepa isolada daquela região, respondem de forma similar às erlíquias de Uberlândia. Já os animais que provavelmente entraram em contato com a E. canis de Uberlândia produziram anticorpos com afinidade maior para o antígeno Uberlândia. Os isolados São Paulo e Uberlândia apresentaram sensibilidade diferente ao diagnóstico da E. canis por RIFI, mas não o suficiente para gerar falsos negativos ou positivos. A prevalência da doença na população canina de Uberlândia foi verificada utilizando a RIFI e avaliando prováveis fatores que possam influenciar na sua ocorrência. A prevalência da EMC em Uberlândia foi alta, sendo que de 400 amostras de soro, 211 (52,8%) cães foram positivos. A observação pelo proprietário dos cães do contato com carrapatos não influenciou significativamente a ocorrência da EMC (p= 0,419). Houve uma tendência (p= 0,057) dos machos serem mais positivos que as fêmeas. Os cães com mais de um ano de idade foram mais positivos (56,3%, p= 0,002). Cães errantes também foram mais positivos (68,8%) quando comparados com cães destinados a doação (34,1%) e com dono (54,8%) (p= 0,002). O local de residência também influenciou na positividade dos cães, sendo a positividade dos cães dos distritos (76,7%) maior que na cidade (55,9%) e na zona rural (39,2%) (p= 0,0001). As diferenças encontradas entre as localidades podem ser explicadas pela baixa renda econômica nos distritos quando comparada com a cidade, com conseqüente menores cuidados com os cães. Uberlândia é endêmica para EMC, sendo que cães com mais de um ano de idade, errantes e que residem em localidades com menor desenvolvimento econômico tem maior predisposição para a infecção por E. canis.

ASSUNTO(S)

prevalência reação de imunofluorescência indireta 16s rrna erliquiose monocítica canina cães ehrlichia canis imunologia aplicada erliquiose erliquiose - epidemiologia canine monocytic ehrlichiosis dogs 16s rrna indirect immunofluorescence prevalence

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