Caracterização limnológica e análise da comunidade de macro-invertebrados bentônicos em um trecho da sub-bacia do alto Rio São Francisco (MG, Brasil)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Em ambientes lóticos, a fauna bentônica é geralmente bem desenvolvida e constitui uma comunidade de grande importância no funcionamento desses ecossistemas. Os macroinvertebrados bentônicos participam de cadeias alimentares, processos de mineralização, reciclagem da matéria orgânica, fluxo de energia e por isso são úteis no monitoramento da qualidade ambiental. O objetivo deste trabalho foi analisar as características limnológicas e suas relações com a estrutura e a diversidade dos macro-invertebrados bentônicos presentes em um trecho do alto rio São Francisco e de seu tributário, rio Piumhi. As coletas foram realizadas em dois períodos climáticos: o seco, em outubro de 2006 e de 2007, e o chuvoso, em março de 2007 e de 2008, amostrando-se três pontos no rio Piumhi e seis pontos no rio São Francisco. Os resultados obtidos evidenciaram que as águas dos rios São Francisco e Piumhi não se encontravam eutrofizadas, contendo teores relativamente baixos de nutrientes totais e dissolvidos. As águas de ambos os rios estudados apresentaram índices de estado trófico que variaram entre ultraoligotrófico e oligotrófico. Os sedimentos do rio São Francisco foram predominantemente arenosos e argilosos e os do rio Piumhi principalmente arenosos. Em outubro de 2006, março de 2007, outubro de 2007 e março de 2008 ocorreram 19, 14, 44 e 7 táxons no rio Piumhi e 29, 42, 36 e 31 táxons no rio São Francisco, respectivamente. Houve maior riqueza de táxons e maior diversidade de macroinvertebrados bentônicos no rio São Francisco do que no rio Piumhi, enquanto em relação à abundância numérica verificou-se o oposto. Os únicos táxons considerados constantes foram Polypedilum no rio Piumhi (outubro de 2006) e Smicridea no rio São Francisco (março de 2007). Em ambos os rios, os maiores valores de abundância e de densidade foram registrados para os representantes da família Chironomidae durante os períodos secos. Phyllocycla e Gomphoides contribuíram com os maiores valores de biomassa nos rios Piumhi e São Francisco, respectivamente, evidenciando seus potenciais de transferência de energia para outros níveis da cadeia trófica e a necessidade de se utilizarem diferentes métricas para o estudo das comunidades. No rio Piumhi ocorreram 7 grupos tróficos funcionais, enquanto que no rio São Francisco apenas 5 grupos foram registrados, com predominância dos coletores em ambos os rios. Verificou-se uma maior similaridade entre as associações de macro-invertebrados de um mesmo rio, amostradas em diferentes períodos, do que entre as comunidades dos rios em estudo. A análise de correspondência canônica evidenciou que as características do sedimento e as variáveis limnológicas foram os principais fatores que influenciaram a distribuição dos gêneros de Chironomidae.

ASSUNTO(S)

diversidade biológica limnologia macroinvertebrados bentônicos ecologia de rios ecologia Água - qualidade

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