Caracterização geoquímica e estrutural do granodiorito Cruzeiro do Sul : magmatismo shoshonítico pós-colisional neoproterozóico em zona de transcorrência, região de Quitéria, Rio Grande do Sul

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

No sul do Brasil, a gênese e a evolução da porção leste do Escudo Sul-rio-grandense tem sido um tema muito discutido. Para alguns autores, essa faixa seria o registro de uma associação de arco magmático neoproterozoico, no entanto; outros autores relacionam esse magmatismo a um ambiente pós-colisional neoproterozoico. Nesta região podem ser citadas como características comuns a este ambiente a formação de um sistema de zonas de cisalhamento transcorrentes de escala regional vinculadas ao posicionamento de um grande volume de granitoides neoproterozoicos e rochas máficas em menor volume. Essas zonas de cisalhamento têm direção preferencial NE e ocorrem em uma faixa de mesma direção, que se estende desde o Uruguai até o estado de Santa Catarina, denominada Cinturão de Cisalhamento Sul-brasileiro (CCSb). As duas zonas principais desse sistema estão representadas pela Zona de Cisalhamento Transcorrente Dorsal de Canguçu (ZCTDC) e pela Zona de Cisalhamento Marjor Gercino, com cinemática sinistral e dextral respectivamente. A atividade magmática deste cinturão ocorreu em um período de aproximadamente 70 Ma, marcada inicialmente pelo Granito Quitéria, pela Suíte cordilheira e pelo Granodiorito Cruzeiro do Sul (GCS), todos com idades em torno de 640 Ma, e finalizando com granitos de ± 580 Ma. A variação composicional e a evolução geoquímica do magmatismo no interior do CCSb, demonstra dominância do magmatismo subalcalino médio a alto-K, na fase precoce (650-620 Ma), seguido por associações shoshoníticas (ca. 600 Ma) e associações alcalinas (590-580 Ma). Rochas de afinidade shoshonítica relacionadas com o ambiente pós-colisional do sul do Brasil podem ser encontradas tanto no interior do CCSb como associadas a rochas vulcânicas de bacias sedimentares neoproterozoicas do tipo strike-slip. O GCS pode ser citado como exemplo de um magmatismo shoshonítico sintectônico no contexto geológico do pós-colisional do sul do Brasil, gerado na fase precoce de formação do CCSb. Associados a sua litologia, ocorrem enclaves microgranulares máficos alongados e diques sinplutônicos de composição diorítica a tonalítica. A zona de cisalhamento transcorrente que abriga o GCS possui direção ENE, sentido de movimento lateral esquerdo e condições de deformação compatíveis com o fácies anfibolito, sendo relacionada com a ZCTDC. As características composicionais são consistentes com o caráter pós-colisional do magmatismo, e a afinidade shoshonítica é revelada pelos altos teores de Sr, pelo comportamento linear e homogêneo dos Elementos Terras Raras e abundância dos LREE em relação aos HREE. Os padrões de elementos traço, com enriquecimento em Ba e Rb e empobrecimento dos HFS em relação aos LILE, bem como seu caráter metaluminoso, também são importantes características que marcam a sua afinidade shoshonítica.As condições de P e T, calculadas a partir do geobarômetro Alt-Hb e do thermobarometro Plg-Hb foram estimadas em cerca de 4,3 a 5.3 kbars e temperaturas de cristalização na ordem de 720 a 760 °C.

ASSUNTO(S)

quitéria, região de (são jerônimo, rs) geoquímica geologia estrutural

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