Caracterização Genotípica e Fenotípica de Isolados Clínicos e Ambientais Pertencentes a Aspergillus seção Flavi / Genotypic and Phenotypic characterization of clinical and environmental isolates belonging to Aspergillus section Flavi.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

30/03/2011

RESUMO

As espécies de Aspergillus seção Flavi têm sido extensivamente estudadas principalmente pela capacidade de causar infecções, doenças e produzir aflatoxinas. Não há nenhum método que seja isoladamente acurado no reconhecimento de espécies do gênero Aspergillus. Em virtude deste tipo de inconsistência, a abordagem polifásica para discriminação de espécies tem sido proposta. O objetivo do presente estudo foi reconhecer a verdadeira identidade de 74 isolados (28 clínicos e 46 ambientais) de Aspergillus depositados nos bancos de fungos filamentosos do Laboratório Especial de Micologia/Brasil e da Facultat de Medicina i Ciències de la Salut de Reus/Espanha, com identificação sugerida de espécies pertencentes à seção Flavi. Para tanto, o estudo foi baseado na abordagem polifásica (uma combinação de diferentes dados moleculares, morfológicos, fisiológicos e ecológicos), com uma pertinente comparação dos isolados com cepas tipo e/ ou neotipo utilizadas como referência. Marcadores genéticos foram selecionados para a inferência filogenética dos 74 isolados, sendo explorado o poder discriminatório de seis genes, incluindo a região ITS, genes codificadores de proteínas e estruturais. A caracterização fenotípica foi realizada por meio de análises macro e micromorfológicas, produção de aflatoxinas, assimilação de fontes de carbono e nitrogênio, avaliação da termotolerância e avaliação do perfil de susceptibilidade a 10 antifúngicos. O sequenciamento genômico da região ITS confirmou que os isolados pertenciam à seção Flavi e indicou dois principais grupos de interesse clínico. Dessa forma, selecionamos marcadores genéticos (genes AMDS, OMTS, entre outros) com potencial discriminatório para identificar as espécies que constituíam estes grupos. Análises filogenéticas desses genes revelaram oito espécies, duas ainda não descritas. A primeira espécie nova foi filogeneticamente próxima a A. flavus e A. oryzae e a segunda, a A. parasiticus. Além da capacidade de provocar infecções invasivas no homem, as duas espécies novas produziram aflatoxinas. Dos 28 isolados clínicos estudados, A. flavus foi a espécie mais prevalente (42,8%). Em relação aos isolados ambientais, A. oryzae foi o mais frequente (63%), sendo também o mais prevalente em amostras isoladas de ambiente hospitalar, respondendo por 65,1% (15/23) dos isolados. Ademais, as espécies da seção Flavi apresentaram padrões heterogêneos de susceptibilidade aos antifúngicos testados. A terbinafina e as equinocandinas foram os agentes antifúngicos mais ativos in vitro contra os isolados. Posaconazol foi o triazólico com maior atividade in vitro para as espécies estudadas. Concluindo, este foi o primeiro estudo brasileiro mostrando a grande heterogeneidade de espécies da seção Flavi isoladas de ambiente e de clínica, que também são diferentes em relação à sensibilidade. Encontramos duas novas espécies causando infecção humana demonstrando, dessa forma, a emergência de novos patógenos em pacientes imunocomprometidos.

ASSUNTO(S)

conceito polifásico aspergillus flavus filogenia susceptibilidade aflatoxinas imunologia

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