Caracterização genética e fenotípica de fatores de virulência de Proteus mirabilis uropatogênico isolados na região de Londrina - Pr

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

Proteus mirabilis é o agente causal de infecções urinárias principalmente em indivíduos com anormalidades no trato urinário e em pacientes cateterizados. O objetivo deste trabalho foi investigar a presença de fatores de virulência em P. mirabilis uropatogênicos isolados em Londrina. Trinta e cinco isolados de P. mirabilis foram caracterizados em relação à presença de adesinas fimbriais por meio de PCR, teste de hemaglutinação, teste de adesão a células HEp-2 (epitélio de laringe humana) e Vero (rim de macaco verde africano) e pelo teste de adesão a superfícies inertes. A produção de hemolisina foi observada e quantificada pela capacidade de lise de eritrócitos de carneiro. A produção de urease foi verificada por teste de hidrólise da uréia e pela capacidade de formação de cálculos in vitro. A susceptibilidade dos isolados a antimicrobianos foi determinada pelo método de difusão em disco. O gene mrpA foi detectado em 82,3% dos isolados e a combinação das hemaglutininas manose-resistente Proteus-like (MR/P) e manose-resistente Klebsiella-like (MR/K) foi observada em 68,6% dos isolados. O gene fimH da hemaglutinina manose-sensível (MS) não foi detectado entre os isolados. Os 35 isolados apresentaram padrão agregativo de adesão a células HEp-2, típico de Escherichia coli enteroagregativa, com predominância de adesão da bactéria à lamínula de vidro após seis horas de incubação. A maioria dos isolados foi capaz de descolar células Vero e aderir na superfície de lamínulas de vidro de maneira agregativa após seis horas de incubação. Adesão forte ao poliestireno foi observada em 42,8% dos isolados. A atividade hemolítica nas culturas celulares foi observada em 90% dos isolados. Hemolisina associada à célula foi detectada com títulos hemolíticos variando de 1:2 a 1:128. A produção de urease e a formação de cálculos in vitro foram constatadas em todos os isolados. Os 35 isolados foram sensíveis a amicacina, cefepime e gentamicina. A resistência aos demais antimicrobianos testados variou de 5,6% para imipenem a 83% para cefoxitina. Três isolados que apresentaram o gene mrpA não expressaram hemaglutinina MR/P, mas expressaram adesão agregativa nas culturas celulares. Estes dados sugerem que a colonização de P. mirabilis é multifatorial e que as adesinas fimbriais agem em conjunto para uma eficiente colonização do trato urinário. A ausência de atividade hemolítica em contraste com o descolamento das células Vero apresentada por alguns isolados, sugere que a hemolisina associada à célula não é o único fator responsável pelo efeito citotóxico. A capacidade de adesão dos isolados ao poliestireno pode resultar na obstrução de catéteres. Os resultados obtidos indicam que os isolados estudados de P. mirabilis uropatogênico apresentam grande potencial de infecção em pacientes suscetíveis, apesar de serem suscetíveis aos antimicrobianos comumente usados no tratamento de infecções do trato urinário.

ASSUNTO(S)

urease infecções urinárias virulence (microbiology) urinary tract infections virulência (microbiologia) proteus (bacteria)

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