Caracterização genética e biométrica das populações de camarão rosa Farfantepenaeus brasiliensis de três localidades da costa do Rio Grande do Norte

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A captura de camarões é uma das atividades pesqueiras de maior importância no mundo, principalmente pelo alto valor de comercialização alcançado por sua carne. Características biológicas dos peneídos fazem deste grupo de camarões candidatos a apresentarem algum grau de estruturação populacional, já que espécies como Farfantepenaeus brasiliensis apresentam certa dependência da presença de estuários para completarem seu ciclo de vida. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar como estão estruturadas as populações de F. brasiliensis na costa do Estado do Rio Grande do Norte por meio de análises morfométricas e moleculares. Para tanto, mensurações (Ct, Cc, Ca e peso) foram obtidas de cada exemplar analisado. Diferencças entre locais foram avaliadas por meio de técnicas univariadas (ANOVA) e multivariadas (Análise discriminante). Os programas FSTAT e GENEPOP foram utilizadados para se obter os níveis de variabilidade genética das populações, bem como, as comparações moleculares entre populações. Para detecção de migrantes os métodos frequentista e bayesiano do software GENECLASS foram adotados. Os resultados das análises morfométricas apontam diferenças nas proporções dos sexos em cada localidade analisada, que podem ser relacionadas a diferenças nas taxas de crescimento entre sexos e/ou estratificação espacial diferencial. Diferenças morfométricas significativas entre os locais foram evidentes tanto por técnicas univariadas como multivariadas. Estas diferenças podem ser resultados da necessidade dos estuários para completar o ciclo de vida por esta espécie, bem como, em virtude das diferenças exitentes entre os estuários presentes nas localidades analisadas. Fêmeas se mostraram mais diferenciadas entre locais que machos. Este resultado também pode ser reflexo de características biológicas da espécie, haja vista que o local de desova guarda grande relação com as fêmeas desta espécie que da inseminação a desova podem levar 2 de 10 a 20 dias. Os resultados moleculares mostraram níveis medianos de variabilidade genética nos locais analisadas, Ho variando entre 0,471 0,540, quando comparadas a outras espécies da mesma família. Os valores de FST obtidos não evidenciaram estruturação genética, no entanto, estes resultados podem ser tanto reflexo do baixo número de locos analisados, como da característica dos peneídeos de um predomíneo de fêmeas nas amostras. O procedimento utilizado para a detecção de migrantes não evidenciou a existência destes entre as populações avaliadas, no entanto, foram identificados indivíduos que foram excluídos de todas as populações podendo pertencer a outras populações não amostradas. Desta forma, o conjunto de resultados obtidos, somados as características biológicas da espécie, e as características ambientais distintas entre locais, nos permitem inferir a existência de pelo menos dois estoques de F. brasiliensis na costa do Rio Grande do Norte.

ASSUNTO(S)

farfantepenaeus brasiliensis estrutura populacional morfometria microssatélites genética de populações ecologia

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