Caracterização ecológica do apicum do manguezal do Rio Tavares, Florianópolis, Santa Catarina

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

20/08/2004

RESUMO

Entre os ecossistemas costeiros, os manquezais constituem um dos mais importantes, apresentando inúmeras funções ecológicas que os tornam imprescindíveis à região costeira. Associados a esse ecossistema podem ocorrer formações de extensas áreas desprovidas de vegetação que, em determinadas regiões, são resultantes da hipersalinidade do solo sendo denominadas de &9 apicum". Essas áreas são consideradas importantes reservatórios de nutrientes e podem atuar como zona de retração de bosques @de mangue, em uma possível situação de elevação do nível do mar. Desta forma, buscou-se obter informaçoes sobre o apicum associado ao manguezal do Rio Tavares (Florianópolis, SC) visando caracterizar a área e sua relação com a vegetação de entorno como subsidio ao entendimento das energias que atuam nesse ecossistema. Para isso, realizou-se o monitoramento dos teores salinos da água intersticial do apicum, a caracterização estrutural em alguns pontos do bosque de mangue associado a essa área visando identificar a composição da vegetação nesses pontos e a análise temporal do manquezal do Rio Tavares. Empregando técnicas de Sensoriamento Remoto Sub-orbital analisou-se fotografias aéreas temporais dos anos de 1938, 1957, 1978, 1994, 1998 e 2001, com o objetivo de caracterizar a ocupação dos apicuns pela colonização da vegetação. Para a análise da salinidade na água intersticial foram determinadas duas transversais - TI e T2 - onde foram distribuídos 7 e 6 pontos amostrais, respectivamente. Os valores máximos e mínimos de salinidade observados foram de 36 e 6, respectivamente. Durante o período analisado ocorreu uma variaçao nos teores salinos nos pontos amestrados, respondendo aos índices de precipitação, temperatura e amplitudes de maré registrados durante esse mesmo período. Os resultados obtidos indicaram que, a ausência de vegetação no apicum do Rio Tavares não responde aos teores de salinidade registrados para a área, não sendo esse o fator limitante para a colonização do apicum. Em relação às análises temporais, notou-se uma tendência de colonização da vegetação nos locais sujeitos à maior inundação, ocorrendo no sentido Norte-Sul do manquezal. Observou-se uma evolução nos padrões de altura da vegetação, desde 1957 até o presente, principalmente nas margens dos canais e porções mais internas do manguezal, correspondendo ao processo de amadurecimento dos bosques. Por outro lado, essas análises mostraram que o processo de ocupação do apicum associado ao manquezal do Rio Tavares apresentou uma redução na taxa de colonização nos últimos quatro anos. Essa área apresentou redução de 55% no levantamento do ano de 2001, quando comparado ao levantamento de 1938. Na porção Sudoeste desse apicum observou-se um rápido avanço na colonização pela vegetação como resposta às alterações dos processos hidrodinâmicos da área devido à implantação de canais artificiais no manquezal. A ocorrência de individuos-jovens de manque na porção Sul do apicum e o aumento nos processos erosivos observados nos canais de maré presentes na porção sudoeste da área, bem como a colonização da borda desses canais por indivíduos de Rhízophora mangle corroboram as observaçoes das alterações nos processo hidrodinâmicos

ASSUNTO(S)

sensoriamento remoto oceanografia ecossistemas manguezal

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