Caracterização e propriedades das resinas acrílicas de uso odontológico : um enfoque voltado para a biossegurança

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O Brasil, à semelhança de outros países, está envelhecendo rapidamente. Os indivíduos com mais de 60 anos compõem hoje o segmento que mais cresce em termos proporcionais, mostrando um incremento da ordem de 500%, em 40 anos. A estimativa para o ano de 2020 é de que o Brasil tenha em torno de 32 milhões de indivíduos idosos, e desta população, uma parcela significativa será parcial ou totalmente desdentada, necessitando de aparelhos protéticos. Apesar da Odontologia apresentar avanços científicos notáveis na reabilitação da saúde bucal, muitos ainda usarão estes aparelhos. Sabe-se que o uso contínuo de próteses pode propiciar o desenvolvimento da estomatite protética, cuja etiologia é multifatorial, destacando-se principalmente a má higiene bucal e da prótese, e geralmente associada à presença de Candida albicans. Desta forma, há necessidade de se propor um método de desinfecção, que se mostre eficaz, que seja seguro quanto à toxicidade, que represente baixo risco ocupacional, que seja de fácil manuseio e que não interfira nas propriedades dos materiais utilizados na confecção destes aparelhos. Portanto, a proposição deste trabalho foi avaliar a influência de dois métodos de desinfecção, nas propriedades das resinas acrílicas empregadas na confecção das próteses.As propriedades avaliadas foram: resistência e módulo de flexão, resistência ao impacto Izod, microdureza Knoop, rugosidade, massa específica e grau de inchamento, grau de conversão do monômero, temperatura de transição vítrea, sorção e solubilidade. Os corpos de prova foram confeccionados de acordo com os requisitos de cada ensaio, tanto para os grupos controle (sem tratamento), quanto para os tratados (submetidos a um dos processos de desinfecção). Os tratamentos de desinfecção consistiram de: a) irradiação com energia de microondas na potência de 840 W, durante 1 minuto; b) imersão em ácido peracético durante 5 minutos. A eficácia da desinfecção foi avaliada através de ensaios microbiológicos que consistiram em verificar o crescimento no meio de cultura e na superfície do corpo de prova de Candida albicans, após a desinfecção dos corpos de prova, previamente contaminados com uma cepa conhecida do fungo (ATCC 10231). Como as resinas acrílicas são materiais muito utilizados em todas as áreas de atuação da Odontologia, o conhecimento das suas propriedades é de interesse do cirurgião-dentista. As resinas acrílicas tipo 1 (de termopolimerização), tipo 2 (quimicamente ativada) e tipo 5 (ativada por microondas) foram avaliadas neste trabalho. Os resultados mostraram que as resinas acrílicas tipo 1 e tipo 5 apresentam valores semelhantes em todas as propriedades analisadas. A resina acrílica tipo 2 apresentou valores inferiores àqueles encontrados nas tipo 1 e 5. O ciclo de polimerização com melhores resultados foi aquele proposto pelo respectivo fabricante daresina acrílica. A presença de fibras de nylon e de corante não influenciou as propriedades da resina acrílica tipo 5. Das técnicas de desinfecção, a imersão em ácido peracético apresentou os melhores resultados para todas as propriedades avaliadas ao longo do tempo de 20 meses. Por outro lado a irradiação de microondas, a longo prazo, apresentou os piores resultados para todas as propriedades avaliadas. Ambas as técnicas de desinfecção foram eficazes do ponto de vista microbiológico. Mas, para o uso prolongado, a técnica de desinfecção com ácido peracético pode ser recomendada com toda a segurança, no que diz respeito às propriedades avaliadas neste trabalho.

ASSUNTO(S)

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