Caracterização e análise da rede de movimento de bovinos no Estado de Mato Grosso / Characterization and analysis of the network of animal movements in the Mato Grosso State

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

09/12/2010

RESUMO

O objetivo deste trabalho é analisar os dados de movimentação de bovinos, gerando informações úteis à vigilância epidemiológica do Estado de Mato Grosso. Analisou-se, para 2007, a distribuição de rebanhos nas propriedades, a movimentação por ecossistema de origem e destino, por finalidade (engorda, abate ou reprodução), e por época do ano. Observou-se que 81,54% do rebanho está concentrados em 20% das propriedades, indicando a existência de poucas propriedades com intensa comercialização para abate, engorda ou reprodução e muitas propriedades com pouca comercialização. Das 72.149 propriedades (de um total de 112.924) que realizaram algum tipo de movimentação, 65.773 movimentaram bovinos. A maioria das movimentações ocorreu internamente em cada ecossistema (Pantanal, Cerrado e Amazônia). O Pantanal recebeu o menor número de bovinos (4,98% dos animais recebidos, incluindo movimentação interna) e o Cerrado foi o que mais recebeu bovinos provenientes dos outros ecossistemas e o que enviou o menor número de bovinos (318.253, 25,79% do total de bovinos enviados a outro ecossistema). Observou-se uma redução do movimento em maio e novembro (vacinação contra febre aftosa), janeiro e fevereiro (férias dos frigoríficos e estação chuvosa) e setembro (manejo de natalidade, ausência da safra do boi gordo e desmama de bezerros). O percentual de movimentação interestadual foi de 2,65% dos animais movimentados, predominando as movimentações intraestaduais. Na análise de 539.526 documentos em 76.277 estabelecimentos calculou-se o grau de comercialização entre os estabelecimentos, para o semigrau interior a média e mediana foram (1 e 3) e para o semigrau exterior(2 e 3) respectivamente. As distâncias médias para movimentação de bovinos provenientes das propriedades da fronteira internacional e daquelas sabidamente positivas para brucelose foram 73,75 e 60,43 km respectivamente. Distâncias médias para movimentos destinados a frigoríficos, propriedades e eventos agropecuários foram inferiores a 116,70 km mostrando movimentação proveniente do próprio Estado. Em redes com características livre de escala supõe-se que a distribuição de grau P(k) pode ser ajustada pela lei de potência, no entanto observou-se que alguns estabelecimentos não seguiram o previsto para redes livre de escala. O ajuste de P(kin) mostrou que estabelecimentos que compraram maior quantidade de bovinos ultrapassaram o esperado pela lei de potência, o que pode estar relacionado ao comportamento de compra por frigoríficos e confinamentos. Para o ajuste de P(kout), a proporção de propriedades que venderam para muitos estabelecimentos (por exemplo, próximo a 100 estabelecimentos) está abaixo do previsto pela lei de potência, como também aquelas que venderam para menos de 10 outros estabelecimentos. As propriedades de subsistência, que movimentam poucos animais, influenciaram os valores de P(kin) e de P(kout) para valores baixos de kin e kout, respectivamente. Observou-se uma correção negativa (r= -0,54) entre o grau médio dos primeiros vizinhos e o grau do estabelecimento mostrando que estabelecimentos com grau elevado (volume elevado de compra e/ou venda) comercializam com estabelecimentos cujo grau é em média baixo (volume baixo de compra e/ou venda) e vice-versa. Essa característica da rede de movimentação de bovinos pode ter implicações no espalhamento de doenças infecciosas nos rebanhos, em função do contato entre grandes e pequenos estabelecimentos.

ASSUNTO(S)

animal transport bovinos cattle epidemiologia epidemiology farms holdings mato grosso mato grosso propriedade rural transporte de animais

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