Caracterização dos macro e microhabitats e segregação ecológica de cinco espécies de arapaçus (aves : dendrocolaptidae) em um fragmento florestal da região de Londrina, Norte do Estado do Paraná
AUTOR(ES)
Fabíola Poletto
DATA DE PUBLICAÇÃO
2003
RESUMO
Pouco se conhece sobre os requerimentos ecológicos das espécies de arapaçús (Aves: Dendrocolaptidae) e quais seriam as causas de sua tendência a desaparecer de determinados fragmentos florestais da região Neotropical. No presente estudo foram verificadas as preferências por macro e microhabitat e a segregação ecológica entre cinco espécies de arapaçus da Mata Atlântica do sudeste Brasileiro: Dendrocincla turdina, Sittasomus griseicapillus, Xiphocolaptes albicollis, Dendrocolaptes platyrostris e Xiphorhynchus fuscus. O estudo foi realizado no Parque Estadual Mata dos Godoy, um fragmento de Mata Atlântica mesófila semidecídua de 656 ha localizado no município de Londrina, Paraná (23o17 S; 51o15 W). Quatro transectos distintos com 500 m de extensão foram demarcados na área de estudo, tendo suas características ambientais e estruturais da vegetação analisadas através da quantificação relativa de 21 variáveis. Censos e observações com as espécies de arapaçús também foram realizadas ao longo destes quatro transectos. Cada vez que um indivíduo de arapaçú era encontrado, características ambientais e estruturais da vegetação em sua vizinhança imediata eram analisadas com base numa quantificação relativa de 28 variáveis. Análises de Componentes Principais (ACP) foram utilizadas na análise dos dados referentes ao macro e microhabitats selecionados, enquanto que uma uma Análise de Correspondência (AC) foi empregada tendo em vista a caracterização da segregação ecológica entre as espécies estudadas. As análises indicaram que D. turdina foi a espécie de ocorrência mais local e com requerimentos ecológicos mais específicos dentre as espécies estudadas, mostrando preferência por áreas mais homogêneas, de estágio sucessional avançado, e evitando áreas típicas de clareiras. X. albicollis foi a espécie mais rara no local, mostrando preferência por áreas com vegetação mais emaranhada, que possuíam árvores de grande porte vivas ou mortas e com bastante rugosidade. S. griseicapillus e D. platyrostris não demostraram grandes preferêcias na seleção de macro e microhabitat, explorando uma gama variada de substratos e ocorrendo em todos os estágios sucessionais da vegetação. X. fuscus demonstrou preferência por locais que, independentemente de seu estágio sucessional, apresentavam um sub-bosque e estrato médio densos. Os resultados sobre segregação ecológica mostrararam que S. griseicapillus, D. platyrostris e X. fuscus foram as espécies que apresentaram uma maior similaridade ecológica entre si, caracterizando-se pela grande flexibilidade na escolha de substratos e no comportamento de forrageamento. D. turdina e X. albicollis mostraram-se mais especialistas, diferindo na forma de forrageio e seleção dos macro e microhabitat das demais espécies. Os resultados permitem a conclusão que as espécies S. griseicapillus, D. platyrostris e X. fuscus, por serem as mais flexíveis ecologicamente, são as mais tolerantes à fragmentação florestal e outras alterações antrópicas. Essa conclusão é amparada amplamente por diversos estudos independentes. De modo inverso, D. turdina é a espécie mais vulnerável à alterações antrópicas, especialmente por evitar ativamente locais com uma vegetação em estágio sucessional inicial. Infelizmente, em função de poucos dados disponíveis, não foi possível diagnosticar o grau de vulnerabilidade de X. albicollis, ainda que os dados apontem para uma tolerância à alterações desde que elas não comprometam a sobrevivência de árvores de grande porte, vivas ou mortas.
ASSUNTO(S)
birds - behavior ave - comportamento
ACESSO AO ARTIGO
http://189.90.64.145/document/?code=vtls000099570Documentos Relacionados
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