Caracterização de locos microssatélites em duas de abelhas espécies da região amazônica: Melipona compressipes e Melipona seminigra (Hymenoptera: Apidae: Meliponina).

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

As abelhas sem ferrão, além de serem as principais responsáveis pela polinização da flora nativa, têm uma grande importância como fonte de renda para muitas famílias ribeirinhas do Amazonas. A exploração extrativista das abelhas jupará (Melipona compressipes) e jandaíra (M. seminigra) no estado vêm se desenvolvendo há décadas sem nenhum plano de manejo e conservação para populações naturais ou de cativeiro. A necessidade de conservação, manejo e recuperação de populações degradadas requer uma abordagem que envolva não somente aspectos demográficos e ecológicos, mas também a genética de populações. O enfoque genético, pela caracterização da estrutura genética e do tamanho efetivo, em populações com diferentes níveis de intervenção antrópica, constitui uma ferramenta adequada para ser utilizada neste tipo de estudo. Visando traçar planos de conservação e desenvolvimento sustentável, este trabalho objetivou caracterizar locos microssatélites em M. compressipes e M. seminigra, analisar a distribuição e as freqüências alélicas destes locos para ambas as espécies e comparar a variabilidade genética entre colméias naturais e manejadas em diferentes localidades dos municípios do Amazonas. Para caracterização dos locos, foram amostradas 13 colméias (5 operárias/colméia) de M. compressipes nos municípios de Jutaí, Manaus, Urucará e Parintins; e 18 colméias (5 operárias/colméia) de M. seminigra nos municípios de Alvarães, Manaus, Cacau Pirera, Careiro Castanho e Urucará. Para comparação entre colméias naturais e manejadas, foram amostradas 54 colméias (27 naturais e 27 manejadas) de M. compressipes (2 indivíduos/colméia) e 18 (10 manejadas e 8 naturais) de M. seminigra (5 indivíduos/colônia). Utilizando primers microssatélites heterólogos desenvolvidos para M. bicolor, foram amplificados cinco locos em M. compressipes, e quatro em M. seminigra. M. compressipes apresentou um total de 20 alelos diferentes, variando entre três a sete alelos/loco enquanto M. seminigra teve 19 alelos variando entre quatro a seis alelos/loco. As freqüências e distribuição dos alelos variaram tanto em nível inter quanto intracolonial para ambas as espécies, com M. compressipes apresentando maiores índices de heterozigosidade observada que M. seminigra. Percebeu-se uma clara hierarquia de variação genética: entre localidades, dentro da localidade e dentro da colméia. Ou seja, as colméias amostradas em uma mesma localidade apresentaram menor diversidade de alelos que colméias amostradas em diferentes localidades. A curta distância de dispersão e a presença de alelos exclusivos nas diferentes localidades, indicando um fluxo gênico restrito, sugerem que esteja ocorrendo uma estruturação genética em ambas as espécies no estado do Amazonas. M. compressipes apresentou um maior diversidade genética nas colméias manejadas que nas colméias naturais, o que pode ser reflexo de uma manipulação mais intensa das colméias por conta da troca de caixas e rainhas entre os meliponicultores no estado do Amazonas, aumentando a probabilidade de recombinações genotípicas e a heterozigosidade nas diferentes colméias. Em M. seminigra, ambos os tipos de colméias apresentaram índices de diversidade genética similares, indicando que a meliponicultura ainda tem pouca influencia na genética desta espécie no Amazonas. Considera-se, no entanto, que a exploração de seus recursos e as ações antrópicas (desmatamento, queimadas, dentre outras) ainda têm pouca influencia sobre as colméias de meliponíneos analisadas apesar de algumas colméias de M. seminigra apresentarem deficiência de heterozigotos que pode ser reflexo do pequeno número de amostras ou da presença de alelos nulos.

ASSUNTO(S)

abelha sem ferrão microssatelite amazônia genetica animal melipona seminigra melipona compressipes estrutura genética de populações

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