Caracterização de amostras de Escherichia coli isoladas de casos de diarreia em pacientes encaminhados ao Hospital das Clinicas da UNICAMP

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1997

RESUMO

Neste trabalho, foram estudadas 111 amostras de Escherichia coli isoladas de 60 fezes diarréicas de adultos e crianças encaminhados ao Hospital das Clínicas da UNICAMP, no período de Janeiro de 1992 a Março de 1994. Paralelamente, 27 cepas de E. coli isoladas de 19 amostras de fezes normais, também foram pesquisadas como grupo controle. Os 138 isolados de E. coli eram procedentes de coproculturas negativas para os enteropatógenos pertencentes aos gêneros Shigella, Salmonella e Yersinia, além dos sorogrupos mais associados aos virotipos EIEC, EPEC e EHEC. Na pesquisa da produção das enterotoxinas STa e L T-I do grupo ETEC, apenas a enterotoxina termo-Iábil foi identificada, inicialmente pela técnica sorológica da Imuno Hemólise Radial (SRIH). Porém, pela alta frequência de resultados positivos observada, esta técnica foi avaliada quanto a possíveis reações falso-positivas, a outros métodos sorológicos, métodos biológicos e a métodos moleculares normalmente também utilizados na identificação da L T -I. Dentre estas técnicas, o teste biológico utilizando-se culturas de células Vero e o GM1-ELlSA, foram os mais sensíveis na detecção da L T-I, identificando apenas 5 amostras produtoras desta enterotoxina, dentre as 111 isoladas de fezes diarréicas (3,6% ETEC L T-I). Demonstraram, desta forma, serem os mais adequados na identificação da enterotoxina L T -I em cepas isoladas de levantamentos epidemiológicos. Com relação aos testes sorológicos que utilizam hemácias de carneiro como suporte da reação hemolítica, tais como SRIH e micro-PIH (97,8% de concordância), estes podem ser utilizados como técnicas de triagem na pesquisa de L T -I. Porém, estas técnicas devem ser re padronizadas sempre que houver mudança da procedência dos eritrócitos, verificando-se a adequação da diluição do soro anti-toxina utilizado em reações sorológicas desenvolvidas com sobrenadantes de cultura de menos 10 amostras de E. coli positivas para esta enterotoxina e 10 cepas negativas. Quanto às provas de hibridização, 4 amostras hibridizaram com a sonda para L T-I, apresentando esta técnica 99,2% de concordância com a técnica de cultura celular e GM1-ELlSA. Com relação a determinação dos sorogrupos, dentre as cepas isoladas de fezes diarréicas, verificou-se maior freqüência de O11, O60 e O90, enquanto que nos isolados de fezes normais os sorogrupos mais freqüentes foram O6, O8 O14 e O87. Dentre as amostras isoladas de fezes diarréicas, dois sorogrupos descritos em EIEC (O171 e O29), além de um sorogrupo descrito para EPEC (O119) foram identificados. Maior número de produção de colicinas e maior variabilidade das mesmas foi verificado nos isolados de fezes normais (44.5% de cepas produtoras). Por outro lado, dentre as 111 amostras procedentes de fezes diarréicas, apenas 15 amostras (13,5%) produziram colicinas , dentre estas uma amostra produtora do Col V. Quanto à resistência aos antimicrobianos, as amostras isoladas de fezes diarréicas apresentaram resistência frente aos 6 antimicrobianos avaliados, superiores aos verificados junto ao grupo controle. No que diz respeito à produção de outras toxinas, uma amostra isolada de fezes diarréicas foi identificada como produtora de CNF1. Porém, produção de L T -li, VT e de CLDT não foi identificada. Por outro lado, testes em alça ligada de coelho demonstraram atividade enterotóxica em sobrenadantes de cultura de cepas não produtoras das demais toxinas. Padrões variados de hemaglutinação D-manose resistente (MRMH) foi observado, sendo que 74% dos isolados de fezes normais hemaglutinaram hemácias de galinha. Nenhum padrão MRMH foi condizente aos descritos para os diferentes Fatores de Colonização de ETEC. A estes somam-se resultados negativos frente aos soros a-CFA/I, a-CFA/II (CS2, CS3), a-CFAIV (CS4, CS5) e a-PCFO2. Com relação ao padrão de aderência às células HEp-2, em período de infecção de 3 horas e de crescimento de mais 3 horas, verificou-se 23 amostras apresentando padrão enteroagregativo, sendo 19 isoladas de fezes diarréicas e 4 de fezes normais foram estudados. Estes dados correspondem a 16.6% de amostras apresentando características do virotipo EaggEC. Dentre as cepas com este padrão, estas correspondem a 14 amostras de fezes, 13 destas de crianças abaixo de 8 anos. No grupo controle, as cepas correspondem a 4 amostras de fezes normais de adultos. Dentre as amostras com fenótipo de aderência em HEp-2, destacamos uma cepa com padrão LA/DA e uma ETEC L T-I com aderência difusa a 37°C, mas não a 16°C. Através da caracterização fenotípica das amostras em estudo, desenvolvida neste trabalho, uma triagem de cepas de interesse no estudo da enteropatogenicidade da E. coli pode ser realizada, o que certamente servirá de suporte para relevantes trabalhos posteriores.

ASSUNTO(S)

virulencia (microbiologia) escherichia coli diarreia

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