Caracterização da vegetação, desempenho e seletividade de ovinos em caatinga raleada sob lotação contínua, Serra Talhada-PE.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

17/07/2012

RESUMO

A vegetação da Caatinga é um importante recurso forrageiro para o rebanho da região semiárida brasileira. Objetivou-se caracterizar a vegetação e o desempenho animal, bem como a seletividade de ovinos, ao longo do ano, em Caatinga raleada, no município de Serra Talhada-PE. Para tal, a pesquisa consistiu em levantamento de dados da vegetação e dos ovinos em 38 hectares de Caatinga em propriedade particular. Uma fração da vegetação foi anteriormente raleada para cultivo de milho, feijão e sorgo, e substituída por Cenchrus ciliaris L. e Urochloa mosambicensis Hack., sendo atualmente utilizada sob pastejo de ovinos mestiços (Santa Inês x Dorper) que permaneciam na pastagem nativa durante todo o ano, em número fixo. Foi avaliada a massa de forragem, composição bromatológica do pasto, porcentagem de solo descoberto, altura média de plantas, porcentagem de serrapilheira, taxa de lotação, desempenho animal, oferta de forragem, composição botânica da pastagem e da dieta e índice de seletividade. A massa de forragem variou de 422 42 a 1.262 95 kg de MS.ha-1 no período de janeiro/2011 a janeiro/2012, o que também ocasionou variação da oferta de forragem (5,1 0,5 a 24,5 1,8 kg de MS/kg PV) no período avaliado. Entretanto foi observado ganho de peso vivo dos ovinos (2,0 2,2 kg/cabeça/ciclo e 3,8 4,1 kg/ha/ciclo) em relação à massa de forragem. A porcentagem de serrapilheira foi maior nos meses de outubro/2011 (38,8 4,1%) e janeiro/2012 (41,4 4,3%). Para solo descoberto observou-se elevados valores, sobretudo ao longo do período seco, apresentando em média 24,4 1,5 % em relação ao período total, sendo o maior valor observado em janeiro de 2011 (43,6 5,9 %). Com o avanço do período seco, os teores de MS, FDN, FDA e CHOT do pasto aumentaram, enquanto que os teores de PB, MM e CNF diminuíram. A análise de componentes principais mostrou que mais de 79% da variação total foi explicada pelos dois primeiros componentes principais para as características estruturais do pasto e de desempenho animal. A massa de forragem foi correlacionada negativamente com a serrapilheira e positivamente com a precipitação pluvial. Quanto maior a altura das plantas menor foi a porcentagem de solo descoberto. O ganho de peso dos ovinos não apresentou correlação com a oferta de forragem. Foi observada grande diversidade florística (63 espécies e 25 famílias) na área experimental com predominância de porte arbustivo-arbóreo, e em sua maioria, espécies de baixo valor forrageiro. A composição botânica da pastagem apresentou, em média, maior presença dos componentes: Malváceas (30,9%), outras espécies (20,1%) e C. ciliaris L. (12,9%), os quais formaram grupos dissimilares na análise de componentes principais. A composição botânica da dieta de ovinos, através da análise de amostras fecais pela técnica microhistológica, apresentou grande participação das dicotiledôneas, em média 59,6%. Contudo, através do índice de seletividade (IS), os ovinos selecionaram mais gramíneas no período chuvoso (IS = 1,5) e dicotiledôneas no período seco (IS = 1,8). As Malváceas foram rejeitadas (IS = 0,3) pelos ovinos. De modo geral, a Caatinga apresentou variação de massa de forragem, composição botânica, composição bromatológica, desempenho e seletividade animal, ao longo do ano, recomendando-se manejos que contribuam para manutenção de espécies desejáveis, o que pode favorecer para o aumento da capacidade de suporte da pastagem nativa.

ASSUNTO(S)

composição bromatológica oferta de forragem solo descoberto zootecnia bare soil botanical composition chemical composition forage allowance composição botânica

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