Caracterização da pancreatite aguda induzida por fosfolipases A IND. 2 secretorias / Characterization of the acute pancreatitis induced by secretory phospholipases A2

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A pancreatite aguda e uma doença inflamatória do pâncreas caracterizada por intensa necrose pancreática e efeitos sistêmicos secundários como lesão pulmonar, os quais são a principal causa da mortalidade observada nessa doença. Ha evidencia de que as fosfolipases A2 (PLA2) tem um importante papel na fisiopatologia da pancreatite aguda. O objetivo deste trabalho foi investigar a capacidade de PLA2s de induzir pancreatite em ratos e os mecanismos envolvidos nesse fenômeno. As seguintes PLA2s foram utilizadas: piratoxina-I (homologo Lys-49 de PLA2 desprovido de atividade catalitica), bothropstoxina-II (homologo Asp-49 de PLA2 com baixa atividade catalítica) e a PLA2 proveniente do veneno de Naja moçambique moçambique (que possui alta atividade catalítica). Ratos Wistar machos (200-250 g) provenientes do CEMIB/UNICAMP foram utilizados. As PLA2s foram injetadas no ducto biliopancreatico de animais anestesiados e apos diferentes tempos experimentais foram avaliados o extravasamento de proteínas plasmáticas no pâncreas, infiltrado de neutrofilos no pâncreas e pulmão e amilase serica. A analise histológica do pâncreas e pulmão também foi realizada em alguns grupos experimentais. Piratoxina-I foi capaz de causar extravasamento de proteínas plasmáticas no pâncreas, infiltrado de neutrofilos no pulmão e os níveis sericos de amilase. Alem disso, a piratoxina-I causou alterações histológicas nos tecidos pancreático (infiltrado de neutrofilos, necrose de células acinares e edema intersticial) e pulmonar (edema intersticial e diminuição do espaço alveolar), que foram mais evidentes nos tempos iniciais da pancreatite (4-12h). Bothropstoxina-II e a PLA2 do veneno de Naja moçambique moçambique, a semelhança da Piratoxina-I, também foram capazes de aumentar o extravasamento de proteínas plasmáticas e o influxo de neutrofilos no tecido pancreático por mecanismos nao relacionados a sua atividade catalítica. Entretanto, o influxo de neutrofilos para o pulmão e o aumento dos níveis sericos de amilase causados por essas PLA2s foi dependente de sua atividade catalítica. As PLA2s também causaram secreção deamilase de acinos pancreáticos isolados, que foi dependente da atividade catalítica dessas enzimas. Adicionalmente, com o objetivo de entender o mecanismo envolvido na pancreatite induzida pela PLA2 de Naja mocambique mocambique animais foram tratados com os seguintes agentes farmacológicos: pentoxifilina (inibidor da sintese de TNF-á), SR140333 (antagonista de receptor NK1), icatibant (antagonista de receptor B2), L-NAME (inibidor não seletivo das NOS), aminoguanidina (inibidor preferencial da NOS induzivel), indometacina (inibidor não seletivo de COX), celecoxib (inibidor seletivo de COX-2), PCA4248 (antagonista dos receptores de PAF) e AA861 (inibidor da 5-lipoxigenase). Em conjunto, nossos dados mostraram que os efeitos locais e secundários são multimediados, envolvendo a participação de bradicinina, substancia P, NO, TNF-á, PAF e metabolitos das COXs. Em conclusão, demonstramos que as PLA2s secretorias são capazes de induzir pancreatite aguda em ratos quando injetadas no ducto biliopancreatico, um quadro caracterizado por efeitos inflamatórios locais e secundários cuja mediação farmacológica envolve vários fatores. Alem disso, a pancreatite aguda induzida pelas PLA2s reproduz algumas alterações observadas na pancreatite aguda em humanos, representando uma nova estratégia de estudo da fisiopatologia da pancreatite aguda.

ASSUNTO(S)

fosfolipases a inflamação phospholipases a pancreatitis inflammation pancreatite

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