Caracterização da ação hipotensora do veneno de Bothrops alternatus em ratos anestesiados

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

Venenos de serpentes do gênero Bothrops produzem efeitos locais (dor, edema, inflamação, hemorragia, necrose), e sistêmicos (coagulopatias, hemorragia, hipotensão/choque, insuficiência renal aguda). Neste estudo, avaliamos a ação hipotensora do veneno da B. altematus em ratos anestesiados e investigamos os mediadores envolvidos neste fenômeno. Ratos Wistar machos anestesiadoscom pentobarbital sódico (40 mg/kg, Lp.) foram canulados para medição da pressão arterial (artéria carótida) e administração de veneno e de drogas (veia femora!). A pressão arterial e a freqüência cardíaca foram registradas continuamente durante o experimento. O veneno, suas frações e as drogas foram dissolvidos em salina e administrados in bolus (0,1 ml) após 15 minutos para a estabilização da pressão. Em alguns experimentos o veneno foi dialisado utilizando-se membranas de celulose (limites de filtração de 2 kDa e 12 kDa) antes de ser administrado aos ratos. Para identificar a fração hipotensora, o veneno foi fracionado por gel filtração em resina Superdex 75 e as frações testadas na pressão arterial. O veneno causou hipotensão de ormadose-dependente(1-100j.lg/kg)com quedamáximade 69,8.:!::6,2%na maior dose (média:t desvio padrão, n=5) e com retorno da pressão a 80% dos níveis basais em 30 minoO pré-tratamento de ratos com atropina (antagonista muscarínico; 4 mg/kg, Lv.) ou glibenclamida (antagonista de canais de K+ ATP-dependentes; 50 mg/kg, Lv.) não alterou de forma significativa a hipotensão causada pelo veneno (100 j.lg/kg, Lv.). Por outro lado, o N úJ-L-nitro-argininameti! éster (L-NAME, 20 mg/kg, Lv.), inibidor da biossíntese de óxido nítrico (NO), reduziu a hipotensão máxima causada pelo veneno (100 j.lg/kg) de 69,8.:!:6,2%para 29,1.:!::16,6%(n=5, p<0,05). Ratos prétratados com captopril (2 mg/kg), um inibidor da enzima conversora da angiotensina e potencializador do efeito da bradicinina, apresentaram acentuação da hipotensão máxima causada pelo veneno (50 j.lg/kg) de 51,2:t5,5% para 80,8:t9,4% (n=5, p<0,05). A indometacina (inibidor da ciclooxigenase, 10 mg/kg, Lv.) causou pequena redução na hipotensão máxima, e potencializou a recuperação da pressão para níveis basais; também aumentou a resistência dos ratos a doses maiores. A pré-incubação do veneno com antiveneno comercial aboliu totalmente a atividade hipotensora enquanto que a administração separada do antiveneno antes ou após o veneno não afetou a hipotensão subseqüente. O veneno dialisado produziu hipotensão de 46,9::t6,8% e 30,3::t5,5% com a dose de 100 ~g/kg após diálise em membranas com limites de filtração de 2 kDa e 12 kDa, respectivamente (p<0,05 comparados à queda de 69,8:!:6,2% com veneno não dialisado). Das frações obtidas por gel filtração do veneno, nenhuma sozinha (100 ~g/kg) reproduziu o efeito observado com o veneno total. Na combinação de frações, apenas as frações 2 e 4 reproduziram o quadro hipotensor do veneno, sendo que a fração 4 potencializou a fração 2. A ação da fração 2 também foi potencializada (p<0,05) pelo captopril enquanto que a fração 4 potencializou (p<0,05) a hipotensão causada pela bradicinina (1 mg/kg, Lv.). Estes resultados mostram que o veneno da B. altematus produziu resposta hipotensora dose-dependente em ratos que foi parcialmente mediada por NO, o qual pode ter sido liberado pela bradicinina proveniente da atividade cininogênica do veneno e presente na fração 2. A ação potencializadora da fração 4 sugere a presença de peptídeos potencializadores da bradicinina no veneno. Metabólitos do ácido araquidônico parecem estar envolvidos mais na manutenção da hipotensão do que na queda inicial. A via muscarínica e os canais de K+ATPdependentes parecem não estar envolvidos na hipotensão induzida pelo veneno

ASSUNTO(S)

venenos de cobra bradicina oxido nitrico

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