Caracterização clínica, epidemiológica e laboratorial das reações hansênicas durante e após poliquimioterapia: análise de potenciais fatores preditivos / Characterization Clinical, Epidemiological and Laboratory of leprosy reactions during and after Multidrug therapy: analysis of potential predictors

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

06/07/2012

RESUMO

A hanseníase, doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae, ainda persiste como um problema de saúde pública no Brasil devido ao seu alto potencial de causar incapacidades físicas desencadeadas principalmente por reações hansênicas que podem ocorrer antes, durante e ou após a poliquimioterapia. O objetivo desse trabalho foi caracterizar as reações hansênicas no seu aspecto clínico, epidemiológico e laboratorial em pacientes diagnosticados no período de 2002 a 2009 em um Centro de Referência Nacional. Neste estudo observacional do tipo transversal utilizou-se fonte de dados secundárias, no qual foram avaliados 440 casos, com predomínio no grupo reacional da classificação operacional MB 80,5% (202/251), da forma clínica DT 33,9% (85/251), gênero masculino 68,5% (172/251), grupo étnico branco 53,4% (134/251) e faixa etária de 40 a 59 anos 52,2% (131/251). Do total de casos, 57% (251/440) apresentaram reações hansênicas, 47,9% (211/440) durante o tratamento e 35,9% (158/440) após a alta. O tipo de reação mais prevalente foi a do tipo1 com 64,5% (136/211) durante o tratamento, sendo que 73,5% (155/211) dos episódios reacionais ocorreram nos primeiros 3 meses, com média de 1,6 episódios por paciente; e 63,9% (101/158) com reação após alta, que em 91,1% dos surtos reacionais ocorreram até 15 meses o período citado, cuja média de reação por paciente foi de 1,9. Baciloscopia do esfregaço dérmico (OR: 6,39; p<0,001) e sorologia ELISA anti-PGL-1 (OR: 4,77; p<0,001) positivos no diagnóstico, presença de leucocitose (OR: 9,97; p<0,001), plaquetopenia (OR: 5,72; p<0,001) e desidrogenase lática elevada (OR: 2,38; p= 0,001) foram fatores preditivos para surgimento de ambas as reações (Tipo 1 e Tipo 2) durante o tratamento, havendo ainda uma correlação positiva entre a quantidade de reações desse período com o índice baciloscópico (IB) ≥ 2,3 (r=0,217; p=0,0019 ) e valores do índice ELISA anti-PGL-1 ≥ 2,8 (r= 0,248; p=0,0007). Para a ocorrência de reação após alta, a positividade da baciloscopia (OR: 8,47; p<0,001) e da PCR para detecção de DNA de M. leprae (OR: 6,46; p<0,001) do esfregaço dérmico na alta, anemia (OR: 2,36; p= 0,013), leucocitose (OR: 4,14; p=0,007), plaquetopenia (OR: 3,70; p= 0,008) foram os achados relacionados como potenciais marcadores de ambas as reações hansênicas nesse período. Este estudo epidemiológico identificou fatores preditivos clínicos e laboratoriais relacionados à ocorrência de reações hansênicas durante e após tratamento e caracterizou grupos alvo para intervenções visando melhorias na prevenção, monitoramento e tratamento oportuno para evitar danos neurológicos e consequentemente, incapacidades físicas, que tem mantido o estigma relacionado à hanseníase.

ASSUNTO(S)

predictors hanseníase reações hansênicas ciencias da saude ciências médicas leprosy fatores preditivos leprosy reactions

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