Características vocais e propriocepção do envelhecimento, queixa e saúde vocal em mulheres idosas de diferentes faixas etárias

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Introdução: a preocupação com o idoso cresceu muito, pois despontou, no cenário mundial, uma transição demográfica, com um aumento significativo do número de pessoas com 60 anos ou mais. Considera-se fundamental realizar pesquisas com atenção às diferentes faixas etárias nesse segmento da população, pois agrupá-los simplesmente como idosos, pode ocultar as diversidades biopsicossociais existentes entre eles. Optou-se por realizar esta pesquisa somente com mulheres, pois elas constituem a maior parte da população idosa e promovem maiores demandas às unidades de saúde. Objetivo: comparar as características vocais, a propriocepção do envelhecimento, a queixa e a saúde vocal de mulheres entre 60 e 90 anos. Método: foi realizado um estudo com 94 idosas, distribuídas em três grupos: G1 (60- 69 anos), G2 (70-79 anos) e G3 (80-90 anos). Aplicou-se um formulário com questões sobre aspectos ocupacionais, hábitos cotidianos, saúde vocal, aspectos auditivos, aspectos vocais e percepção sobre o envelhecimento. Foram medidos os tempos máximos de fonação na emissão da vogal /a/ e nos fonemas /s/ e /z/. Realizou-se uma gravação da voz, na qual foi registrada a fala espontânea das participantes. Três juízes fonoaudiólogos especialistas em voz realizaram a análise perceptivo-auditiva das vozes. Foi realizada análise descritiva dos dados coletados e, por meio de análise estatística, realizaram-se as comparações entre as faixas etárias. Resultados: observou-se associação estatisticamente significativa entre a faixa etária e a demanda vocal, o relato de dificuldade para cantar, o relato de dificuldade para ouvir, o uso de prótese auditiva, a coordenação pneumo-fonoarticulatória, a articulação e a qualidade vocal. Apesar de não ter havido correlação estatisticamente significativa, notou-se um aumento percentual, a cada faixa etária, em outros parâmetros: número de doenças por pessoa; queixa de pigarro; queixa de que ouve, mas não compreende; queixa de zumbido; relato de alteração auditiva; uso de prótese auditiva; uso da televisão em volume alto; ocorrência de ressonância baixa; e percepção de mudança na voz. Quanto à opinião sobre o envelhecimento, houve predomínio de aspectos fisiológicos e de atividades cotidianas nas respostas do G1 (62,5%) e G2 (52,9%), e de aspectos emocionais e/ou psíquicos no G3 (53,6%). Emergiram de forma mais prevalente em algumas faixas etárias os seguintes fatores: a saúde, o preconceito, o isolamento social e a importância da realização de atividades, principalmente no G1; tristeza e solidão, no G2; o cansaço, a falta de disposição física, o desânimo e as modificações nas relações sociais, primordialmente no G3. Conclusão: A comparação entre as idosas de 60 a 69 anos, 70 a 79 anos e de 80 a 90 anos permitiu concluir que existem diferenças significativas, entre as faixas etárias, em relação à demanda vocal, ao relato de dificuldade para cantar, à coordenação pneumo-fonoarticulatória, à articulação, à qualidade vocal, ao relato de dificuldade para ouvir e ao uso de prótese auditiva. Os aspectos fisiológicos e de atividades cotidianas, mais citados pelo G1 e G2, e os aspectos emocionais e psíquicos, mais freqüentes nos discursos do G3, surgiram como fatores que afetam o modo como as idosas vêem a velhice e se sentem em relação ao seu próprio envelhecimento. Por meio desta pesquisa, pôde-se reafirmar a natureza biopsicossocial do envelhecimento e que este é um processo com diferenciações de uma pessoa para outra e a cada faixa etária

ASSUNTO(S)

gerontologia geriatria aging perception idosos gerontology voice elderly idoso envelhecimento voz geriatrics qualidade da voz fonoaudiologia

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