Características psicossociais de mães de crianças com síndrome de Down.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Familiares de indivíduos que têm doenças genéticas estão mais susceptíveis ao desenvolvimento de transtornos mentais. Um exemplo é o da mães da criança com síndrome de Down, sobre a qual há poucas pesquisas de associações entre estas variáveis. São escassos os estudos quantitativos e/ou que avaliaram aspectos diferentes na mesma casuística. Objetivo. Estudar os sintomas de depressão e desesperança, o estresse, a qualidade de vida, as habilidades sociais, o modo de enfrentamento, o nível de conhecimento sobre o problema, a satisfação com o momento da notícia, com o processo de Aconselhamento Genético e com a assistência recebida, de mães de crianças com diagnóstico de síndrome de Down. Casuística e Método. Foram realizadas entrevistas com a utilização de escalas psicométricas validadas e roteiro semi-estruturado elaborado pelo autor em 30 mães de crianças com diagnóstico de síndrome de Down com até seis meses de idade. As mães foram incluídas aleatoriamente por ordem de chegada para atendimento em um serviço público de saúde, no período entre agosto de 2005 e dezembro de 2006 (16 meses). Foi utilizado delineamento descritivo de corte transversal com método de análise quali-quantitativo. Resultados. Entre as mães, 76,7% mostraram intensidade de sintomas de depressão entre leve e grave, 10% desesperança entre moderada e grave, e 76,7% presença de estresse. O modo de enfrentamento revelou escore clínico em 46,7% dos casos, o repertório de habilidades sociais foi classificado como deficiente em 53,3% e o nível qualidade de vida nos domínios mostrou-se preservado. Entre as mães, 90% receberam duas sessões de Aconselhamento Genético e todas referiram que a qualidade em todos os itens avaliados deste processo foi muito satisfatória. Em 33,3% delas o nível de conhecimento técnico expressado sobre Genética e síndrome de Down foi insatisfatório, mesmo após duas sessões de Aconselhamento Genético. Quanto ao momento da notícia, 70% referiram que o mesmo foi realizado de forma cuidadosa, ainda que as reações predominantes tenham sido de choque, abalo, tristeza, desamparo e medo. A maioria sugeriu que o momento da notícia não seja realizado na sala do parto. Portanto, as mães de crianças com síndrome de Down até seis meses de idade sofrem prejuízos emocionais e sociais em função de estressores associados a esta doença. Conclusões. Os resultados corroboraram alguns previamente descritos, principalmente quanto à presença de sintomas de depressão, estresse e ao impacto do diagnóstico, bem como, quanto à satisfação com o modelo aplicado de Aconselhamento Genético. Acrescentaram informações importantes que podem dar subsídios para a implantação de programas de intervenção, tratamento e prevenção de transtornos mentais nestas mães.

ASSUNTO(S)

coping genetic counseling psychiatry maternidade motherhood enfrentamento down syndrome psiquiatria quality of life asesoramiento genético aconselhamento genético calidad de vida qualidade de vida síndrome de down

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