Características da resposta imune desenvolvida frente à infecção por Leishmania (Leishmania) amazonensis mantida em cultura axênica por passagens sucessivas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Diferentes espécies de parasitos do gênero Leishmania causam infecções expressivamente distintas em uma mesma espécie de hospedeiro. Enquanto alguns hospedeiros são resistentes à infecção por diversas espécies do parasito, quase todas as linhagens de camundongos são susceptíveis à infecção por L. amazonensis, desenvolvendo lesões crônicas e progressivas em resposta à infecção. Esta pronunciada virulência dos parasitos pode estar relacionada à expressão de moléculas superficiais que favoreçam sua interação com os hospedeiros. As ecto-enzimas envolvidas no metabolismo de nucleotídeos são um possível fator de virulência para parasitos do gênero Leishmania. Para caracterizar a resposta imune desenvolvida por animais infectados com parasitos que apresentam distintos perfis de atividade ectonucleotidásica, foram avaliadas infecções por L. amazonensis mantida em cultura por poucas ou muitas passagens. Esses parasitos, quando mantidos em cultura axênica por muitas passagens, apresentam menor virulência, bem como menor atividade ectonucleotidásica. A atividade das suas enzimas envolvidas no metabolismo de nucleotídeos extracelulares pode ser modulada pela cultura em presença de determinadas moléculas. Assim, os parasitos cultivados em meio suplementado com adenosina, produto final da via catabólica, apresentam redução na sua capacidade hidrolítica e levam a lesões menores em camundongos C57BL/6. Já os parasitos submetidos a muitas passagens em cultura, quando cultivados em meio suplementado com suramina, um inibidor de ecto-ATPases, apresentam aumento na capacidade de hidrólise de ATP e causam lesões maiores em camundongos C57BL/6. De modo interessante, os animais infectados com os parasitos que apresentam maior atividade ATPásica produziram menores quantidades de IFN-, após oito semanas de infecção. A infecção de macrófagos pelos parasitos mantidos em cultura axênica por poucas ou muitas passagens também apresenta diferenças marcantes, tanto para macrófagos peritoneais, quanto para macrófagos derivados de medula óssea. Os parasitos mantidos em cultura por poucas passagens são capazes de infectar maior proporção de macrófagos; entretanto, não são observadas grandes diferenças no parasitismo celular. Não há alterações na produção de citocinas, quimiocinas e NO pelas células infectadas pelos diferentes parasitos. Dados obtidos in vivo permitem inferir que células T reguladoras naturais parecem ser importantes para o retardo do desenvolvimento da lesão. Porém, sua participação parece ser idêntica em animais infectados com parasitos mantidos em cultura axênica por poucas ou muitas passagens. Após uma semana de infecção, há maior produção da quimiocina CCL2 em animais infectados com parasitos mantidos em cultura por poucas passagens. Como esta quimiocina participa do recrutamento de monócitos, pode-se cogitar que os parasitos mantidos em cultura por poucas passagens promovem um maior recrutamento dessas células para o sítio da infecção. Uma vez diferenciadas em macrófagos, são eficazmente infectadas por estes parasitos. Em conjunto, esses resultados demonstram que as enzimas envolvidas no metabolismo de nucleotídeos extracelulares desempenham um papel importante na infecção por L. amazonensis, podendo ter função direta na aderência do parasito às células-alvo e na modulação da resposta imune subseqüente.

ASSUNTO(S)

leishmaniose calazar - macrófagos quimiocinas imunologia

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