Características clínico-epidemiológicas no carcinoma espinocelular de boca e orofaringe

AUTOR(ES)
FONTE

Revista Brasileira de Otorrinolaringologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2004-01

RESUMO

O câncer de boca e orofaringe é de comportamento agressivo e, no Brasil, a incidência é considerada uma das mais altas do mundo, sendo o mais comum da região de cabeça e pescoço. OBJETIVO: O objetivo deste trabalho é analisar os aspectos clínico-epidemiológicos dos pacientes e a evolução da doença. FORMA DE ESTUDO: Clínico retrospectivo. CASUÍSTICA E MÉTODO: Foram arrolados 43 casos de carcinoma espinocelular (CEC) de boca e 25 de orofaringe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Santa Casa de Misericórdia de Santos e do Hospital Ana Costa entre os anos de 1997 a 2000. Informações sobre idade, sexo, profissão, raça, hábitos de tabagismo e etilismo, uso de prótese dentária, origem do encaminhamento do paciente ao tratamento, localização da lesão, estadiamento clínico, grau de diferenciação histológica, tratamento, sobrevida e presença de segundo tumor primário foram analisados estatisticamente pelo Teste Exato de Fischer. RESULTADOS: Dos pacientes com CEC em boca, a relação de incidência masculino-feminino foi de 3,35:1, a idade variou de 46 a 91 anos (mediana de 62), 90,7% eram caucasianos, 81% foram referenciados por profissionais médicos, 76,8% eram tabagistas, 74% etilistas, 79% não utilizavam prótese dentária. O sítio mais acometido foi a língua (51,1%), 53% apresentaram-se nos estádios III e IV, 72,1% eram de grau histológico II, 53% foram tratados por cirurgia e 47% por cirurgia e radioterapia adjuvante e 9,3% apresentaram segundo tumor primário. Para a orofaringe, a relação masculino-feminino foi de 11,5:1, com idade entre 40 e 81 anos (mediana de 58), 92% eram caucasianos, 92% foram encaminhados por médicos, 84% eram tabagistas, 80% etilistas, 52% não utilizavam prótese, as tonsilas palatinas foram o sítio mais acometido (76%), 96% estavam em estádios III e IV, 84% eram de grau II, 80% foram tratados por cirurgia associada a radioterapia, 16% a cirurgia para resgate de falha após radioterapia e 4% a cirurgia exclusiva e 8% tiveram segundo primário. Não houve relação estatisticamente significativa entre o estadiamento e os hábitos de tabagismo, etilismo e uso de prótese. Tais hábitos, a faixa etária e o grau histológico não tiveram relação significativa com o sítio do tumor. Estavam vivos e livres de doença 69,7% dos pacientes com tumor de boca e 22% de orofaringe. CONCLUSÃO: O médico ou dentista que dá o atendimento inicial é fundamental no reconhecimento das lesões, para que se possa estabelecer o diagnóstico precoce.

ASSUNTO(S)

carcinoma espinocelular câncer bucal boca orofaringe epidemiologia

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