Capacidade de percepção da fala no ruído pode estar relacionada à função da via auditiva eferente: estudo comparativo de crianças com dificuldade de leitura e com leitura normal

AUTOR(ES)
FONTE

Braz. j. otorhinolaryngol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2020-04

RESUMO

Resumo Introdução: O processamento auditivo deficiente pode causar problemas na percepção da fala e afetar o desenvolvimento e a evolução das habilidades de leitura. A via auditiva eferente tem um papel importante nas funções do sistema auditivo normal, como a percepção da fala no ruído, mas ainda não há um consenso sobre isso. Objetivo: Estudar o desempenho do sistema auditivo eferente em um grupo de crianças com dificuldade de leitura em comparação às com leitura normal e avaliação de sua relação com a percepção da fala no ruído. Método: Foram selecionadas para o estudo 53 crianças entre oito e 12 anos, das quais 27 tinham dificuldade de leitura e 26 apresentavam leitura normal. A avaliação por emissões otoacústicas evocadas transientes e o teste auditory recognition of words-in-noise foram feitos em todas as crianças. Resultados: A amplitude média da supressão das emissões otoacústicas evocadas transientes mostrou diferença significante entre os dois grupos na orelha direita (p = 0,004) e esquerda (p = 0,028). A avaliação da relação entre a supressão das emissões otoacústicas evocadas transientes e os escores monoaurais do teste auditory recognition of words-in-noise mostrou uma relação negativa moderadamente significante apenas na orelha direita (p = 0,034, r = -0,41) das crianças com leitura normal. Os escores binaurais do auditory recognition of words-in-noise foram significantemente correlacionados com a amplitude de supressão das emissões otoacústicas evocadas transientes na orelha direita (p < 0,001, r = -0,75) e na orelha esquerda (p < 0,001, r = -0,64) das crianças com leitura normal. No grupo com dificuldade de leitura, uma correlação mais fraca foi observada entre os escores binaurais do auditory recognition of words-in-noise e supressão das emissões otoacústicas evocadas transientes, na orelha direita (p = 0,003, r = -0,55) e na esquerda (p = 0,012, r = -0,47). Conclusões: O padrão de supressão das emissões otoacústicas evocadas transientes no grupo com dificuldade de leitura foi diferente em comparação com as crianças com leitura normal e essa diferença pode estar relacionada ao desempenho do sistema eferente. Os escores de palavras no ruído em crianças com dificuldade de leitura foram menores do que nas crianças com leitura normal. Além disso, foi encontrada uma relação entre a supressão das emissões otoacústicas evocadas transientes e os escores de palavras no ruído tanto em crianças com leitura normal quanto nas com dificuldade de leitura.

Documentos Relacionados