Caminhos de ferro e desenvolvimento econômico na Índia e em Portugal: uma comparação entre as linhas de Mormugão e do Tua, c. 1880 - c. 1930 e adiante

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. Bras. Hist.

DATA DE PUBLICAÇÃO

29/07/2019

RESUMO

Resumo No final do século XIX, Portugal empreendeu a construção de dois caminhos de ferro de bitola reduzida na província continental de Trás-os-Montes e no domínio colonial de Goa, na Índia, dois territórios subdesenvolvidos sob soberania portuguesa. Ambos eram aplicações práticas do programa português de grandes obras públicas, conhecido historicamente como Fontismo, o qual propunha a angariação de capital nos mercados internacionais e sua aplicação na melhoria do sistema de transportes nacional, antecipando o desenvolvimento econômico das regiões atravessadas pela ferrovia e a criação de suficiente atividade econômica para pagar os empréstimos. Neste artigo, realiza-se um exercício de comparação histórica usando a metodologia do comparativismo, sugerida por Michel Espagne. Realçam-se as diferenças e semelhanças entre as duas linhas férreas, tanto durante o processo de decisão, como durante a operação. Demonstra-se como projetos similares tiveram resultados diferentes, de acordo com as circunstâncias correntes, mas também como estes resultados variam conforme o tempo histórico no qual são analisados. Espera-se contribuir para o debate sobre as fricções entre generalidades e especificidades no processo histórico.ABSTRACT In the late decades of the 19th century, Portugal undertook the construction of two narrow-gauge lines in the mainland province of Trás-os-Montes and in its colonial possession of Goa, India, two languishing territories under Portuguese rule. Both were practical applications of the Portuguese large public works programme historically known as ‘Fontismo’ that aimed to raise capital in international markets and apply it to improve the Portuguese transportation system, hoping to develop economically the regions served by railways and create enough economic activity to repay the loans. In this paper, we aim to perform an exercise of historical comparison, using the methodology of comparativism suggested by Michel Espagne. We will highlight the differences and commonalities between the two lines either during the decision-making process and during operation. We will demonstrate how similar projects had entirely different outcomes, according with local circumstances, but also how these outcomes change according with the time frame within which they are analysed. In the end we hope to add to the debate about the feud between generalities and specificities in historical process.

Documentos Relacionados