Body Consciousness and African ancestry: Concepts Sociopoeticos produced by people of holy / Consciência Corporal e Ancestralidade Africana: Conceitos Sociopoéticos Produzidos por Pessoas de Santo

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Este estudo apresenta os conceitos sociopoéticos produzidos por uma comunidade de terreiro de candomblé, Ilê Axé Omo Tifé, localizada no bairro de Jangurussu, na periferia de Fortaleza-Ce. O tema gerador da pesquisa é consciência corporal e ancestralidade africana. Noto que, apesar dos terreiros de candomblé, em principio estarem mais conectados com a cultura de matriz africana, nem sempre se encontra uma prática de consciência corporal associada à ancestralidade africana e às vezes, há uma dificuldade de conexão entre as práticas religiosas e as dimensões corporais da cosmovisão africana. Diante deste contexto, neste estudo procuro responder a seguinte pergunta: Quais os conceitos que as pessoas de santo produzem a respeito da consciência corporal e da ancestralidade africana e a relação entre os mesmos? Outra pergunta é: até que ponto as pessoas de santo produzem conceitos que escapam dos valores eurocêntricos racionalistas? O método utilizado foi o sociopoético, onde o grupo alvo da pesquisa se transforma em co-pesquisadores/as do tema, participando com o pesquisador oficial de todo o processo da investigação, objetivando produzir confetos (conceitos perpassados de afetos, sentimentos e emoções que apresentam sentidos desterritorializados). Nesta pesquisa, o grupo foi formado por dez pessoas entre iaôs, (iniciados) abiãs (pré-iniciados) e ogans (auxiliares da Mãe de Santo). Um dos princípios da sociopoética é o corpo enquanto fonte de conhecimento, por isso recorre-se a vivências e técnicas artísticas, visando aguçar os cinco sentidos e a imaginação. Nesta pesquisa realizei três vivências com o grupo. A primeira foi a vivência lunar, efetuada à noite, na Abreulândia, numa região agreste, com mar, dunas, lagoas, mangues e matas. Foi um ritual. Fizemos caminhadas, acessamos bases ancestrais (cócoras, movimentos dos animais, rastejamentos, descidas invertidas em dunas, reverências aos elementos da natureza, etc.). A segunda vivência foi a dança africana onde, após o momento de relaxamento, o grupo realizou movimentos individuais e coletivos de auto-percepção e danças de várias partes da África e sua diáspora. A terceira vivência foi com argila. Com os olhos vendados, os co-pesquisadores produziram esculturas. A partir dessas vivências, eles construíram confetos relativos ao tema gerador, tais como: ancestralidade raiz (saberes da tradição oral), homem terra (aquele que senta seu ânus no chão ao contrário do homem moderno que senta na cadeira), rasgar a natureza (destruição da natureza), exu impulso (energia que joga para frente e faz as coisas se movimentarem), corpo sinuosidade (movimento estático, porém circular), água-fogo (sensação de fogo dentro da água gelada). Concluo que esta pesquisa produziu conceitos surpreendentes, desterritorializados dos valores eurocêntricos e dos chavões, gerando na minha pessoa um sentimento de felicidade e prazer, por ter me apropriado, junto com o grupo, das energias vivas da nossa ancestralidade.

ASSUNTO(S)

consciência corporal body consciousness ancestralidade africana african africanidade imagem corporal educacao educação popular relações Étnico-raciais racial ethnic relation danças afro-brasileiras cultura afro-brasileira candomblé brasil ancestralidade africana african ancestry

Documentos Relacionados