Bloqueio atrioventricular pós-cirurgia de revascularização do miocárdio: fatores preditores perioperatórios e impacto na mortalidade
AUTOR(ES)
Piantá, Ricardo Medeiros, Ferrari, Andres Di Leoni, Heck, Aline Almeida, Ferreira, Débora Klein, Piccoli, Jacqueline da Costa Escobar, Albuquerque, Luciano Cabral, Guaragna, João Carlos Vieira da Costa, Petracco, João Batista
FONTE
Braz. J. Cardiovasc. Surg.
DATA DE PUBLICAÇÃO
2015-04
RESUMO
ResumoIntrodução:Os distúrbios do sistema de condução cardíaca são frequentes no pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio. Majoritariamente reversíveis, estão associados com alguma injúria do tecido de condução, causada pela própria cardiopatia isquêmica ou por fatores perioperatórios.Objetivo:Primário: investigar a associação entre fatores perioperatórios com o surgimento de bloqueio atrioventricular no pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio. Secundários: determinar a necessidade de estimulação cardíaca artificial temporária e de marca-passo definitivo no pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio e seu impacto na permanência e na mortalidade hospitalar.Métodos:Análise de Coorte retrospectiva de pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio, do banco de dados da unidade de Pós-Operatório de Cirurgia Cardíaca do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, pelo método de regressão logística.Resultados:No período de janeiro de 1996 a dezembro de 2012, foram realizadas 3532 cirurgias de revascularização do miocárdio. Duzentos e oitenta e oito (8,15%) pacientes apresentaram bloqueio atrioventricular durante o pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio, necessitando de estimulação cardíaca artificial temporária. Oito dos que apresentaram bloqueio atrioventricular evoluíram para implante de marcapasso definitivo (0,23% do total da amostra). A análise multivariada evidenciou associação significativa de bloqueio atrioventricular com idade acima de 60 anos (OR=2,34; IC 95% 1,75-3,12; P<0,0001), sexo feminino (OR=1,37; IC 95% 1,06-1,77; P=0,015), doença renal crônica (OR=2,05; IC 95% 1,49-2,81; P<0,0001), fibrilação atrial (OR=2,06; IC 95% 1,16-3,66; P=0,014), classe funcional III e IV da New York Heart Association (OR=1,43; IC 95% 1,03-1,98; P=0,031), infarto agudo do miocárdio perioperatório (OR=1,70; IC 95% 1,26-2,29; P<0,0001) e com o uso do balão intra-aórtico no pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio (OR=1,92; IC 95% 1,21-3,05; P=0,006). A presença de bloqueio atrioventricular acarretou um aumento significativo da mortalidade (17,9% vs. 7,3% nos que não desenvolveram bloqueio atrioventricular) (OR=2,09; IC 95% 1,46-2,99; P<0,0001) e um tempo mais prolongado de permanência hospitalar (12,75 dias vs. 10,53 dias nos que não desenvolveram bloqueio atrioventricular) (OR=1,01; IC 95% 1,00-1,02; P=0,01).Conclusão:O bloqueio atrioventricular, no pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio, é, na maioria dos casos, transitório, sendo associado a diversos fatores perioperatórios: idade acima de 60 anos, sexo feminino, doença renal crônica, fibrilação atrial, classe funcional III e IV da New York Heart Association, infarto agudo do miocárdio perioperatório e uso do balão intra-aórtico. Sua ocorrência prolonga a internação hospitalar e, sobretudo, duplica o risco de mortalidade.
ASSUNTO(S)
bloqueio atrioventricular marcapasso artificial revascularização do miocárdio complicações pós-operatórias
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