Bloqueio atrioventricular pós-cirurgia de revascularização do miocárdio: fatores preditores perioperatórios e impacto na mortalidade

AUTOR(ES)
FONTE

Braz. J. Cardiovasc. Surg.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2015-04

RESUMO

ResumoIntrodução:Os distúrbios do sistema de condução cardíaca são frequentes no pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio. Majoritariamente reversíveis, estão associados com alguma injúria do tecido de condução, causada pela própria cardiopatia isquêmica ou por fatores perioperatórios.Objetivo:Primário: investigar a associação entre fatores perioperatórios com o surgimento de bloqueio atrioventricular no pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio. Secundários: determinar a necessidade de estimulação cardíaca artificial temporária e de marca-passo definitivo no pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio e seu impacto na permanência e na mortalidade hospitalar.Métodos:Análise de Coorte retrospectiva de pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio, do banco de dados da unidade de Pós-Operatório de Cirurgia Cardíaca do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, pelo método de regressão logística.Resultados:No período de janeiro de 1996 a dezembro de 2012, foram realizadas 3532 cirurgias de revascularização do miocárdio. Duzentos e oitenta e oito (8,15%) pacientes apresentaram bloqueio atrioventricular durante o pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio, necessitando de estimulação cardíaca artificial temporária. Oito dos que apresentaram bloqueio atrioventricular evoluíram para implante de marcapasso definitivo (0,23% do total da amostra). A análise multivariada evidenciou associação significativa de bloqueio atrioventricular com idade acima de 60 anos (OR=2,34; IC 95% 1,75-3,12; P<0,0001), sexo feminino (OR=1,37; IC 95% 1,06-1,77; P=0,015), doença renal crônica (OR=2,05; IC 95% 1,49-2,81; P<0,0001), fibrilação atrial (OR=2,06; IC 95% 1,16-3,66; P=0,014), classe funcional III e IV da New York Heart Association (OR=1,43; IC 95% 1,03-1,98; P=0,031), infarto agudo do miocárdio perioperatório (OR=1,70; IC 95% 1,26-2,29; P<0,0001) e com o uso do balão intra-aórtico no pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio (OR=1,92; IC 95% 1,21-3,05; P=0,006). A presença de bloqueio atrioventricular acarretou um aumento significativo da mortalidade (17,9% vs. 7,3% nos que não desenvolveram bloqueio atrioventricular) (OR=2,09; IC 95% 1,46-2,99; P<0,0001) e um tempo mais prolongado de permanência hospitalar (12,75 dias vs. 10,53 dias nos que não desenvolveram bloqueio atrioventricular) (OR=1,01; IC 95% 1,00-1,02; P=0,01).Conclusão:O bloqueio atrioventricular, no pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio, é, na maioria dos casos, transitório, sendo associado a diversos fatores perioperatórios: idade acima de 60 anos, sexo feminino, doença renal crônica, fibrilação atrial, classe funcional III e IV da New York Heart Association, infarto agudo do miocárdio perioperatório e uso do balão intra-aórtico. Sua ocorrência prolonga a internação hospitalar e, sobretudo, duplica o risco de mortalidade.

ASSUNTO(S)

bloqueio atrioventricular marcapasso artificial revascularização do miocárdio complicações pós-operatórias

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