Biopolíticas do aleitamento materno: uma análise dos movimentos global e local e suas articulações com os discursos do desenvolvimento social

AUTOR(ES)
FONTE

Cad. Saúde Pública

DATA DE PUBLICAÇÃO

06/09/2018

RESUMO

Resumo: Este artigo tem como objetivo analisar as articulações entre a produção das biopolíticas de amamentação e os discursos produzidos sobre desenvolvimento social após o período pós-guerra com vistas à problematização da dicotomia natureza/cultura mediante a qual a amamentação é frequentemente operada. Numa perspectiva antropológica, examinaram-se as biopolíticas de amamentação comparativamente às transformações nos discursos desenvolvimentistas. O exame dos movimentos globais realizadas por essas biopolíticas permitiu compreender como uma rede de entidades variadas (como órgãos de governo, organismos multilaterais, agências internacionais de desenvolvimento e organizações não-governamentais) vem configurando ao longo do tempo a amamentação em conformidade com os discursos e práticas desenvolvimentistas em vigor. Inicialmente, o discurso desenvolvimentista girava em torno da industrialização e modernização, e a amamentação não era foco de atenção das políticas públicas. Nas décadas de 1970 e 1980, quando o discurso desenvolvimentista passou a focar a desnutrição e a mortalidade infantil, têm início as primeiras biopolíticas globais de amamentação e a prática da amamentação passa a ser operada como um meio de combater tais males. Já o discurso de desenvolvimento social em jogo na contemporaneidade evoca também um processo de desenvolvimento individual. Simultaneamente, as biopolíticas de amamentação recorrem a tecnologias variadas com este propósito. Conclui-se que os discursos desenvolvimentistas atuam como uma referência sociocultural com base na qual a amamentação é operada, o que permite dizer que a amamentação é uma prática tão natural quanto política, econômica e social.

ASSUNTO(S)

aleitamento materno mudança social política pública

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