Biologia reprodutiva da arara-azul-de-lear Anodorhynchus leari (Aves: Psittacidae) na Estação Biológica de Canudos, BA / Breeding biology of Lear\ s Macaw Anodorhynchus leari (Aves: Psittacidae) at Canudos Biological Station - BA

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

02/02/2012

RESUMO

Anodorhynchus leari é uma ave endêmica do Bioma Caatinga e um dos psitacídeos mais ameaçados de extinção na região neotropical. Ela se reproduz apenas em formações rochosas de arenito-calcário, localizadas em dois sítios protegidos no norte do estado da Bahia; a Estação Biológica de Canudos (Toca Velha) e a Estação Ecológica do Raso da Catarina (Serra Branca). Este estudo teve por objetivo agregar informações sobre a história natural da arara-azul-de-lear, com ênfase em suas atividades reprodutivas. No Capítulo 1 descreve-se a estrutura e a disposição das cavidades encontradas nos paredões da Estação Biológica de Canudos, as quais foram acessadas internamente por meio do método de rapel. Verificou-se que os ninhos das araras estão em túneis ou salões/galerias amplos e profundos, locais formados naturalmente por ações de intempéries nas formações rochosas de 53m de altura vertical em média. Definitivamente as cavidades com ninhos não são confeccionadas ou alteradas pelas araras, para fins reprodutivos. Na área estudada existem muitas cavidades com as mesmas condições ambientais internas. No mesmo sítio, entre os anos de 2008 e 2011, foram localizadas 38 cavidades ativas. No Capítulo 2 buscou-se descrever detalhadamente a biologia reprodutiva da arara-azul-de-lear, monitorando-se internamente 18 destas cavidades. Ao final da quarta temporada reprodutiva 42 ninhadas foram estudadas. O período reprodutivo ocorreu entre os meses de dezembro e julho e a maior parte das ninhadas possuía três ovos. Por meio de ovoscopia verificou-se uma média de dois ovos embrionados por ninhada. Em quatro anos, 68 ninhegos eclodiram e destes, 83% sobreviveram até o primeiro vôo. Apesar de ser possível gerar e criar três filhotes por ninhada, em média apenas um filhote foi criado. O sucesso reprodutivo nos quatro anos amostrados foi de 71%, conforme o Protocolo de Mayfield e considerando-se 14 semanas como tempo médio de desenvolvimento dos ninhegos. Apesar de ocorrerem em casos isolados e serem pouco significativas, as causas da não ocupação de ninhos ou mortalidade no desenvolvimento estiveram relacionadas à presença de abelhas Apis sp. dentro das cavidades, perturbação causada por competição intra-específica associada à assincronia de eclosão, e à queda de ninhegos dos ninhos. No capítulo 3 infere-se sobre o recrutamento nos dois sítios reprodutivos conhecidos, Toca Velha e Serra Branca, com base em avistamentos de 118 ninhegos na entrada dos ninhos. Foram identificadas 114 cavidades potencialmente reprodutivas entre os anos de 2009 e 2010. A maioria dos ninhegos foi avistada no mês de abril nas duas temporadas reprodutivas. Sugere-se que um máximo de 228 indivíduos esteja em atividade reprodutiva, o que representa 20,17% da população de araras estimada em 2010. Conclui-se que a espécie deva ser categorizada como \"em perigo de extinção - EN\", segundo a aplicação dos critérios da IUCN. A ameaça mais importante para a espécie reside na falta de proteção nas áreas de alimentação. É fundamental ainda a continuidade de ações educativas e da rigorosa proteção dos sítios reprodutivos já conhecidos, além de esforços para buscar novas áreas potenciais para a reprodução, e que podem justificar o aumento populacional observado ao longo dos anos. Os dados obtidos possibilitam criar estratégias de manejo para incrementar a taxa reprodutiva, e também contribuir para a proteção dos sítios de nidificação da arara-azul-de-lear.

ASSUNTO(S)

psiitacidae psittacidae arara-azul-de-lear biologia reprodutiva breeding biology caatinga caatinga lear s macaw

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