Biologia de nidificação e estrutura sociogenética intranidal em espécies de Trypoxylon (Hymenoptera:Crabronidae)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Fêmeas de vespas do gênero Trypoxylon (Hymenoptera: Crabronidae) aprovisionam seus ninhos de forma massal com aranhas paralizadas. Algumas espécies constróem ninhos de barro, enquanto outras utilizam-se de cavidades pré-existentes, nas quais formam células separadas por paredes de barro. Os machos de algumas espécies do subgênero Trypargilum desempenham o papel de guarda do ninho, ajudando ainda na sua construção e forrageamento. Neste estudo, dados sobre a biologia da nidificação e estrutura genética intranidal foram obtidos e analisados comparativamente para quatro espécies de Trypoxylon (Trypargilum) T. rogenhoferi, T. lactitarse, T. aurifrons e T. nitidum . As espécies foram amostradas por meio de ninhos-armadilha, confeccionados com bambu, durante três anos em Araras e dois anos em Rifaina e São Carlos (SP). As localidades de estudo foram subdivididas em sítios de amostragem. Os ninhos coletados foram levados ao laboratório e seus pupários foram individualmente armazenados em frascos de vidro. Os adultos emergidos foram identificados e a data de emergência, peso e sexo anotados. Posteriormente, foram armazenados à -20C. Para as análises genéticas do estudo de parentesco intranidal, utilizou-se marcadores alozímicos revelados por eletroforese horizontal em gel de amido. Alguns adultos foram também submetidos a análises morfométricas de asa (comprimento e largura das asas anterior e posterior) e análises do DNA mitocondrial. Ao todo, foram obtidos 2.908 ninhos de himenópteros solitários, dos quais 2.478 fundados por espécies de Trypoxylon. Intensa atividade de nidificação e produção de células das quatro espécies foi observada principalmente na estação quente-chuvosa (outubro-março). Os tubos utilizados para nidificação pelas espécies apresentaram dimensões significativamente diferentes. A família de aranhas mais utilizada para aprovisionamento foi Araneidae, mas as espécies de vespas diferiram quanto às espécies forrageadas. O principal parasitóide das quatro espécies foi Melittobia. Observou-se que as espécies de Trypoxylon coexistem temporalmente e que nas três localidades cada espécie nidificou com maior freqüência em um sítio particular, sugerindo ocupação diferencial do habitat em razão de competição aparente. A arquitetura intranidal das espécies estudadas não diferiu da relatada para outras espécies do subgênero Trypargilum: as fêmeas dividem o ninho-armadilha em seqüências de estoques de presas e terminam o ninho com a construção de uma parede de fechamento. Dois tipos de pupários foram observados em T. rogenhoferi e T. lactitarse, como já descrito para outras espécies do grupo punctulatum. Esta característica mostrou-se associada ao sexo e ao diâmetro do ninhoarmadilha e sua possível base genética é discutida. A razão sexual populacional 1:1 das quatro espécies foi constante durante todo o período de amostragem em Araras e Rifaina e a distribuição do sexo dentro do ninho não foi aleatória, sendo os machos freqüentemente encontrados nas primeiras células de cria. As fêmeas foram significativamente maiores que os machos para os cinco caracteres de tamanho de corpo, sendo, portanto, observado um maior investimento parental para este sexo. Em média, o período de desenvolvimento destas espécies foi de 30 dias, sendo observada diapausa em T. rogenhoferi e T. lactitarse na estação fria-seca. As análises alozímicas indicaram que, para a maioria dos ninhos estudados, os fenótipos sustentam a hipótese de monoginia/monandria, apoiando a idéia de que o comportamento do macho-guarda confere-lhe a paternidade da prole feminina. No entanto, acasalamentos extra-par e utilização de uma mesma cavidade por mais de uma fêmea foram verificados.

ASSUNTO(S)

alozimas sazonalidade habitat (ecologia) alocação sexual genetica crabronidae parentesco

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